Para chegarem a essa conclusão, uma equipe de cientistas da Nasa junto à de outras universidades iluminaram a base da cratera Shackleton com pulsos de raios laser gerados pela sonda LRO. O objetivo era medir a reflexão da luz laser em alguns comprimentos de ondas específicos, já que a composição química do material iluminado pode ser descoberta ao se estudar a absorção ou reflexão luminosa.
Após uma série de sondagens os pesquisadores descobriram que o fundo da cratera Shackleton era ligeiramente mais refletivo que a base de outras crateras vizinhas. Agora, a análise desses dados mostrou que a reflexão em determinados comprimentos de onda é compatível com a presença de pequenas quantidades de gelo no interior.
"As medidas do brilho estavam nos intrigando há dois verões", disse o cientista Gregory Neumann, ligado ao Goddard Space Flight Center, da Nasa, e coautor do paper (trabalho científico) publicado esta semana pela revista Nature.
"Enquanto a distribuição de brilho não era exatamente o que esperávamos, cada medição relacionada ao gelo ou seus compostos voláteis era surpreendente e nos revelava temperaturas extremamente frias, de valores cósmicos, no interior da cratera", disse Neumann.
Além da possível evidência de gelo, o mapeamento da Shackleton revelou uma cratera notavelmente preservada e que tem se mantida relativamente ilesa desde a sua formação há mais de três bilhões de anos. O piso da cratera é crivado de várias cicatrizes em forma de crateras pequenas, que segundo os pesquisadores podem ter se formado como parte da colisão que criou a Shackleton.
Segundo Maria Zuber, ligada ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) enquanto o chão de Shackleton é relativamente brilhante, as paredes da cratera o são ainda mais, o que intrigou os pesquisadores quando os primeiros estudos começaram.
Para os cientistas, se o gelo fosse encontrado em algum lugar da cratera esse local deveria ser a base, onde a luz solar direta nunca penetra. As paredes mais elevadas são ocasionalmente iluminadas, o que poderia evaporar o gelo que ali se acumula.
Para entender melhor o que poderia causar esse fenômeno, a equipe de Zuber criou um mapa de resolução ultra-alta que revelou fortes evidências da presença de gelo sobre a base e também sobre as paredes da cratera.
A LRO é uma espaçonave grande e sofisticada, desenvolvido no Goddard Space Flight Center da Nasa. Após a missão ser finalizada, o orbitador poderá ainda ser utilizado para retransmitir as comunicações de futuras missões em solo lunar, como um robô ou rover lunar.