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Tecnologia Espacial: radar aumenta segurança de minas na Terra

Segunda-feira, 23 jun 2008 - 10h00
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Quase todo mundo sabe que o desenvolvimento da tecnologia espacial também gera grandes avanços nas tecnologias empregadas aqui na Terra. Praticamente não existem produtos que só podem ser usados no espaço. Assim que desenvolvidos são rapidamente adaptados e passam a fazer parte do nosso dia a dia.

Originalmente desenvolvido para investigar a estrutura do solo lunar e de outros planetas, o radar avançado de penetração no solo já faz parte desse rol de equipamentos e está sendo utilizado para localizar rachaduras e fraquezas nos tetos das minas canadenses.

Utilizando tecnologia espacial desenvolvida pela agência espacial européia, ESA, para seu radar especial de penetração do solo GINGER (Guidance and Into-the-Ground Exploration Radar), o equipamento foi reprojetado por um consórcio de empresas européias que criou dois novos equipamentos. O primeiro, batizado de CRIS (Crack Identification System), permite detectar falhas praticamente invisíveis nos tetos e paredes das minas de rocha dura enquanto o segundo, chamado de PRIS (Potash Roof Inspection System), permite a inspeção profunda em minas de potássio.

"CRIS e PRIS são baseados na mesma tecnologia do radar espacial. Fizemos mudanças nas freqüências de trabalho para que o equipamento pudesse localizar pequenas tendências responsáveis por rachaduras e fraquezas nas estruturas", explica Yvonne Krellmann, diretora da empresa RST e responsável pelos projetos.

Segundo Krellmann, os testes de campo em Saskatchewan, no Canadá demonstraram que a tecnologia dos radares seria muito útil na localização de rachaduras horizontais nos tetos das minas. Essas falhas são muito difíceis de serem identificar com o olho humano e na maior parte das vezes são as principais responsáveis pelos desmoronamentos subterrâneos.


Ginger e Radar de Penetração no Solo


O radar de penetração do solo é uma técnica geofísica não-destrutiva, que emprega ondas de rádio para determinar as estruturas e objetos enterrados na superfície. A principal aplicação é o estudo de sub-superfícies muito rasas em construções e sítios arqueológicos, onde tipicamente é operado em freqüências entre 1 e 1000 mHz (1 gHz).

A princípio, esse tipo de radar trabalha da mesma maneira que os radares de detecção de aeronaves, emitindo um forte pulso eletromagnético no espectro das ondas de rádio e detectando sua energia refletida em algum objeto.

No caso do radar aeronáutico os pulsos atingem o avião e retornam à antena, onde são analisados em termos de posição e tempo de retorno. No caso do radar de solo a detecção de falhas ocorre quando os pulsos retornam enfraquecidos após atingirem uma falha ou superfície argilosa em uma parede ou teto. As medidas de distância e profundidade são feitas calculando-se o tempo de retorno do pulso, exatamente igual aos radares convencionais.

GINGER, o equipamento que inspirou Cris e Pris, usa duas freqüências para desempenhar funções independentes. Enquanto a primeira age como os olhos do jipe-robô, mapeando a superfície e ajudando na guiagem do explorador, a segunda penetra a superfície explorando as estruturas do solo e suas camadas.

De acordo com Krellmann, a tecnologia em breve será transferida para muitas outras aplicações urbanas e inclui a inspeção e construção de túneis. Na Suíça a técnica já será usada nos 1600 km de túneis já existentes e posteriormente nos 500 que estão em construção.

Como dissemos, essa é a tecnologia espacial, que pode ser usada na Lua e também na Terra, neste caso embaixo de nossos pés!

Fotos: No topo, equipamento GINGER montado sobre um jipe-explorador durante testes em um sítio planetário do Centro Nacional de Estudos Planetários, na França. Na seqüência teste do radar PRIS nas minas de potássio de Saskatchewan, Canadá. Créditos: ESA.

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