Originalmente desenvolvido para investigar a estrutura do solo lunar e de outros planetas, o radar avançado de penetração no solo já faz parte desse rol de equipamentos e está sendo utilizado para localizar rachaduras e fraquezas nos tetos das minas canadenses.
Utilizando tecnologia espacial desenvolvida pela agência espacial européia, ESA, para seu radar especial de penetração do solo GINGER (Guidance and Into-the-Ground Exploration Radar), o equipamento foi reprojetado por um consórcio de empresas européias que criou dois novos equipamentos. O primeiro, batizado de CRIS (Crack Identification System), permite detectar falhas praticamente invisíveis nos tetos e paredes das minas de rocha dura enquanto o segundo, chamado de PRIS (Potash Roof Inspection System), permite a inspeção profunda em minas de potássio.
"CRIS e PRIS são baseados na mesma tecnologia do radar espacial. Fizemos mudanças nas freqüências de trabalho para que o equipamento pudesse localizar pequenas tendências responsáveis por rachaduras e fraquezas nas estruturas", explica Yvonne Krellmann, diretora da empresa RST e responsável pelos projetos.
Segundo Krellmann, os testes de campo em Saskatchewan, no Canadá demonstraram que a tecnologia dos radares seria muito útil na localização de rachaduras horizontais nos tetos das minas. Essas falhas são muito difíceis de serem identificar com o olho humano e na maior parte das vezes são as principais responsáveis pelos desmoronamentos subterrâneos.
A princípio, esse tipo de radar trabalha da mesma maneira que os radares de detecção de aeronaves, emitindo um forte pulso eletromagnético no espectro das ondas de rádio e detectando sua energia refletida em algum objeto.
No caso do radar aeronáutico os pulsos atingem o avião e retornam à antena, onde são analisados em termos de posição e tempo de retorno. No caso do radar de solo a detecção de falhas ocorre quando os pulsos retornam enfraquecidos após atingirem uma falha ou superfície argilosa em uma parede ou teto. As medidas de distância e profundidade são feitas calculando-se o tempo de retorno do pulso, exatamente igual aos radares convencionais.
GINGER, o equipamento que inspirou Cris e Pris, usa duas freqüências para desempenhar funções independentes. Enquanto a primeira age como os olhos do jipe-robô, mapeando a superfície e ajudando na guiagem do explorador, a segunda penetra a superfície explorando as estruturas do solo e suas camadas.
De acordo com Krellmann, a tecnologia em breve será transferida para muitas outras aplicações urbanas e inclui a inspeção e construção de túneis. Na Suíça a técnica já será usada nos 1600 km de túneis já existentes e posteriormente nos 500 que estão em construção.
Como dissemos, essa é a tecnologia espacial, que pode ser usada na Lua e também na Terra, neste caso embaixo de nossos pés!