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Telescópio Hubble pronto para o último conserto no espaço

Sexta-feira, 2 jan 2009 - 09h16
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Desde o início de seu funcionamento, há 18 anos, o Telescópio Espacial Hubble - HST - vem revolucionando a astronomia com suas maravilhosas imagens que encantam até mesmo os mais leigos. Agora, quando se comemora o Ano Internacional da Astronomia, a história do renomado telescópio entra em seu capítulo final, que começa com a quarta e última missão de reparos programada para 12 de maio de 2009.

O reparo do telescópio vai permitir ao Hubble um futuro brilhante, mas talvez não tão longo quanto seu passado. É o que diz Julianne Dalcanton, professora de astronomia na Universidade de Washington e que há mais de uma década utiliza o telescópio para a maior parte de suas pesquisas.

Dalcanton é autora de um artigo publicado na primeira edição de janeiro de 2009 da revista Nature e que conta a história do telescópio Hubble e suas contribuições para o estudo do universo. Segundo Dalcanton, a maioria dessas contribuições não poderia ser feita apenas usando os grandes telescópios terrestres.

Dalcanton atribui o sucesso do Hubble ao fato do telescópio se localizar a mais de 500 quilômetros acima da Terra, longe o suficiente da interferência da atmosfera e da poluição luminosa que limitam drasticamente o uso dos instrumentos na superfície.

Legados


Os legados do Hubble são tantos que é difícil destacar algum em particular, mas uma das grandes contribuições foi sem dúvida a de permitir aos astrônomos uma melhor compreensão do fenômeno dos buracos negros e seu papel na formação das galáxias. A observação detalhada de estrelas pulsantes, conhecidas por Cepheidas, também foi decisiva para melhorar a capacidade de estimar as distâncias estelares. Mais recentemente o telescópio registrou a primeira evidência direta de um planeta orbitando uma estrela fora do Sistema Solar.


Primeiro Conserto


O Hubble foi lançado no dia 24 de abril de 1990 como uma parceria entre a Nasa, a agência espacial européia ESA e o Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, STSI.

Logo nos primeiros dias de operação a missão sofreu um grande revés, quando os cientistas detectaram um erro na fabricação do espelho principal, que deixava distorcida as imagens geradas pelos sensores. Para resolver o problema do espelho a Nasa providenciou a primeira missão de reparo em 1993 e desde então o telescópio opera com perfeição.

A próxima missão de reparos deverá, entre outras coisas, substituir os giroscópios e os escudos térmicos do telescópio, além de fazer upgrades nos instrumentos e adicionar novas capacidades que permitirão observações mais profundas.

Apesar de ser a quarta missão de reparos, na verdade se trata da quinta missão, uma vez que a terceira missão foi dividida em duas viagens, realizadas em 1999 e 2002.

Democratização da Informação


Um dos maiores sucessos do Hubble, acredita Dalcanton, é a democratização dos dados captados. No início das operações os dados deviam ser solicitados ao STSI e se o projeto fosse aprovado os resultados eram enviados aos astrônomos. Após um ano de operações os responsáveis pelo telescópio mudaram essa metodologia e os dados se tornaram disponíveis para qualquer pessoa e para qualquer tipo de estudo.
"Você não precisa pertencer à Harvard ou CalTech (duas grandes universidades americanas) para ter acesso ao Hubble. Se você é um professor de artes ou um profissional liberal também pode usar os dados do telescópio e trabalhar em sua casa", disse Dalcanton.


Substituição


Dalcanton acredita que após os novos reparos poderá utilizar os dados por pelo menos mais cinco anos, quando o Hubble será substituído pelo telescópio James Webb. O novo instrumento dará atenção especial ao espectro em infravermelho e não produzirá os mesmos tipos de imagens do Hubble.
"O Hubble é um grande telescópio e sinto muito orgulho de fazer parte dos que usaram suas imagens", disse Dalcanton.



Foto: No topo, imagem da nebulosa do Caranguejo. Com seis anos-luz de largura a nebulosa é o que sobrou da explosão de uma supernova. Acima, a professora Dalcanton (em pé) durante aula na Universidade de Washington. Créditos: Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, STSI/Universidade de Washington.

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