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Telescópio europeu descobre gigantesca ponte de gás intergaláctica

Quarta-feira, 28 nov 2012 - 06h45
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Utilizando dados do telescópio espacial Planck, cientistas europeus detectaram o que pode ser a maior ponte de gás a conectar dois aglomerados de galáxias. Segundo os pesquisadores, a ponte tem 10 milhões de anos-luz de comprimento e é formada por gás aquecido a 80 milhões de graus Celsius.

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A presença de plasma entre clusters separados por bilhões de anos-luz já havia sido sugerida em dados de raios x registrados pelo Observatório Espacial Newton. Agora, essa ponte foi confirmada pelos dados do telescópio espacial Planck. Ambos os instrumentos pertencem à Agência Espacial Europeia, ESA.

A missão principal de Planck é captar a luz mais antiga do Universo, conhecida como Radiação Cósmica de Fundo, ou CMB. À medida que essa energia atravessa o Cosmo ela interage com diversas estruturas, incluindo galáxias ou aglomerados galácticos formados por centenas ou milhares de galáxias unidas pela gravidade.


Efeito Sunyaev-Zeldovich


Quando a CMB interage com o plasma (gás quente) que permeia as gigantescas estruturas galácticas, a sua distribuição de energia é modificada de forma bastante característica, em um fenômeno batizado como efeito Sunyaev-Zeldovich (SZ), em homenagem aos cientistas que o descobriu.

O efeito SZ já foi usado anteriormente pelo telescópio Planck na detecção de aglomerados galácticos, mas é a primeira vez que foi empregado para detectar os delgados filamentos de gás que podem conectar um aglomerado ao outro.

De acordo com a teoria vigente, no início do Universo os filamentos de matéria gasosa permeavam o cosmos em uma teia gigante, com clusters eventualmente se formando em nós mais densas.

Atualmente, grande parte desses filamentos gasosos permanece indetectável, mas com a descoberta recente os astrônomos esperam poder encontra-los entre aglomerados de galáxias em interação, onde esses filamentos são comprimidos e aquecidos, tornando-os mais fáceis de detectar.


Ponte Intergaláctica


A gigantesca ponte de gás foi descoberta ao combinar dados do telescópio espacial alemão ROSAT com os do telescópio espacial Planck e está localizada entre os aglomerados Abell 399 e Abell 401, distanciados por cerca de 10 milhões de anos-luz.

De acordo com o estudo, a temperatura do gás que une os aglomerados é similar a do gás nos dois grupos, da ordem de 80 milhões de graus Celsius. A análise preliminar também sugere que esse gás seja uma mistura dos dispersos filamentos que formam a teia com o gás proveniente dos clusters.

A nova descoberta destaca a capacidade do telescópio Planck para sondar os aglomerados de galáxias e seus arredores, permitindo aos pesquisadores entender a ligação entre o gás que permeia todo o Universo com os grupos de galáxias formados.



Foto: A imagem mostra os aglomerados Abell 399 e Abell 401 em uma composição de imagens feitas no espectro visível por telescópios terrestres e através do efeito Sunyaev-Zeldovich, registrado pelo satélite Planck, da ESA. Créditos: Sunyaev-Zeldovich/ESA Planck, STScI Digitized Sky Survey, Apolo11.com.

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