O alerta comparativo foi feito por pesquisadores da Universidade de Southampton, que estimaram a quantidade de dióxido de carbono presente durante a parte mais quente da época do Plioceno, entre 5 e 2 milhões de anos atrás. Naquela época, os mares eram muito mais altos e as calotas polares eram muito menores, com o planeta sendo 3 graus mais quente do que é hoje.
O estudo, publicado no Scientific Reports, estima que até o ano de 2025 a quantidade de CO2 na atmosfera será maior do que em qualquer outro momento nos últimos 3.3 milhões de anos.
Para chegar a esta conclusão, a equipe estudou microscópicos zooplânctons fossilizados encontrados no fundo do Mar do Caribe, com o objetivo de determinar o CO2 atmosférico do Plioceno. A composição da concha desses fósseis depende do pH da água do mar, que por sua vez é influenciada pelo CO2 atmosférico.
O trabalho dos cientistas se concentrou em uma janela de tempo de 200 mil anos entre 3.35 e 3.15 milhões de anos atrás, com foco em 3.3 milhões de anos atrás, quando o clima se tornou lentamente mais quente até que a temperatura média global fosse muito mais alta do que é hoje. Ao fazer isso, os pesquisadores conseguiram produzir uma imagem de como os níveis de dióxido de carbono mudavam a cada 3 mil e 6 mil anos.
Segundo o estudo, durante a parte mais quente do período estudado os níveis de dióxido de carbono oscilaram entre 380 e 420 partes por milhão (ppm) de CO2 na atmosfera, ligeiramente maior que o valor de 417 ppm observado em maio de 2020, quando foi estabelecido o recorde desde o início dos registros modernos.
Devido a vários fatores, a emissão de CO2 muda constantemente, mas a tendência crescente está bem estabelecida. Na última década, o nível aumentou cerca de 2.4 ppm por ano. Mesmo assumindo um valor conservador para o nível atual, fica claro que em cinco anos excederá um nível nunca visto desde o período Plioceno.