
Mostram a grande diferença climática entre o litoral paulista (Santos), interior (Ribeirão Preto, na norte do estado) e a capital. Esta última atingiu dias atrás índices de umidade relativa comparáveis aos desertos (9% e 21 de Agosto em Congonhas, estado de emergência segundo a Organização Mundial de Saúde). Ontem, dia 11 de Setembro, Congonhas atingiu 25% (veja meteograma anexo), caracterizando estado de atenção, o que não é tão baixo, haja vista outros dias muito mais secos. Mas, o que de fato chama mesmo a atenção, é São Paulo ter tido no dia 21 de Agosto, por exemplo (entre outros dias), níveis de secura do ar inferiores aos de Riibeirão Preto, no norte paulista, cidade muito mais distante da influência do mar (maritimidade)
do que a capital, que dista apenas 65 Km de Santos, no litoral. As temperaturas máximas também impressionam: 33ºC, anteontem, dia 10 de Setembro, valor muito próximo ao da cidade de Ribeirão Preto. O que fica patente, é a degradação do clima ambiental urbano, pois até o início dos anos 1990, a capital mesmo na estação mais seca do inverno, não experimentava tanta ressequidão do ar e máximas tão elevadas. Já, Ribeirão Preto, uma cidade de porte grande, mas imensamente menor em área urbana em relação à capital, não tem experimentado valores de ar tão seco como na metrópole paulistana, pois mesmo com certa degradação urbana ambiental, Ribeirão não foi tão afetada, pois mantém máximas e índices de umidade que são mais típicos mesmo de sua situação geográfica (latitude mais baixa em relação a São Paulo) e a altitude relativamente baixa (531 metros contra a média de 792 metros da capital) do que pela degradação ambiental!
No caso da capital, temos diferenças térmicas de cerca de 10ºC ou mais, entre os bairros mais centrais e quentes como a Freguesia do Ó, Pirituba e Perus e Parelheiros, no extremo da zona sul, em meio a reserva da Mata Atlântica.... É claro, que uma cidade precisa se desenvolver, e sempre certos problemas ambientais são intrínsecos, porém o correto seria ter-se uma cidade sustentável. Por fim, Santos, pelo meteograma (na verdade os da Base Aérea, que fica em local longe da área urbana da cidade, em local descampado na Ilha de Santo Amaro (Guarujá)), observamos mínima mais alta e máxima mais baixa em relação à capital e interior, tipicamente situação climática, quando a temperatura superficial do mar está mais baixa durante o ano!!! E a umidade relativa na Base Aérea ficiu ontem ( e tem ficado nos últimos dias) na zona de conforto (60%)....
Fonte dos meteogramas: CPTEC/INPE.
Rodolfo Bonafim
Diretor Científico da ONG Amigos da Água