
Para tanto, um grupo de pesquisadores liderado por Cary Zeitling do Instituto Southwest de Boulder, no Colorado, Estados Unidos, utilizou o instrumento que mediu a radiação a qual foi submetida a nave espacial em que viajou o veículo robotizado de exploração marciana Curiosity. Este detector, o RAD (Radiation Assessment Detector), do Laboratório Científico de Marte, prossegue com as medições.
Os resultados obtidos revelam que a dose de radiação diária durante a jornada do Curiosity entre a Terra e Marte, que demorou 8,5 meses, foi de 1,8 milisieverts (unidade de medida de radiação). Isso seria equivalente à dose de radiação a que uma pessoa receberia se a cada cinco ou seis dias fizesse uma TAC (tomografia axial computorizada), em todo o corpo, ou seja, entre 4 e 19 milisieverts.
Segundo Zeitling, “a radiação no espaço, em termos gerais, não é tão intensa que possa provocar uma doença imediata ou a morte. Se o fosse, ninguém consideraria missões como esta”.
Deste modo, as pessoas podem sobreviver durante três anos no espaço, ainda que existam dúvidas sobre qual o seu estado de saúde no fim da viagem. A NASA estabelece limites para a carreira de um astronauta baseando-se no incremento de três por cento de probabilidades de desenvolver câncer....
Nota do autor: como professor de Física Radiológica ou das Radiações, escolhi como tema de pergunta de prova, uma simples análise comparativa entre doses de radiação de mamografias, de Fukushima no Japão (alvo de intenso vazamento de radiação após ter sofrido grande maremoto em 2011) e... o caso de uma missão tripulada ao planeta Vermelho.
Só para se ter uma idéia, a central nuclear de Fukushima após o tsunami chegou a emitir 400 milisieverts por hora! Uma exposição a dez mil milisieverts (mSv) – o equivalente a 100 mil radiografias de peito, provocaria a morte de uma pessoa em menos de um mês. Tendo conhecimento que uma mamografia irradia 0,4 milisieverts, então, 400 milisieverts, equivalem a 1000 mamografias!
Diante dessas medidas, fica claro que uma viagem a Marte é mais segura em termos de doses de radiação do que em Fukushima...
Na verdade, durante a viagem a Marte, a nave tripulada estará exposta a dois tipos de radiação: os raios cósmicos galáticos e as partículas de alta energia do Sol. Estas últimas produzem-se de forma esporádica, durante as erupções e as ejeções de massa coronal, acontecendo com maior intensidade a cada 11 anos do ciclo solar, pico que está para ser atingido este ano.
Mas esta radiação constituiu apenas 5,4 por cento do total recebido pelo Curiosity. A maior parte mesmo provém dos raios cósmicos galáticos que são contínuos e mais penetrantes.
Imagem anexa: concepção artística do robô Curiosity.
Fonte: NASA