
Uma vez que voos comerciais internacionais geralmente adotam rotas polares, a fim de se economizar combustível, aí é que ha incrementos na radiação. Portanto, viagens aéreas internacionais por utilizarem rotas polares, são mais afetadas do que rotas domésticas. É claro que há outros fatores a considerar, além da latitude, tais como a altitude do voo, quantidade de manchas solares e atividade solar no pico. Tempestades solares podem aumentar centenas de vezes os níveis de radiação.
Diante desse quadro, a fim de auxiliar as companhias aéreas, com o intuito de proteger pilotos, comissários de bordo e passageiros, a NASA está desenvolvendo uma ferramenta para predição de exposições à radiação em viagens aéreas em tempo real. denominada NAIRAS, abreviatura de ",Nowcast of Atmosphere Ionizing Radiation for Aviation Safety",, ou ",Previsão imediata de radiação ionizante para a segurança da aviação...
Então, num futuro próximo, controladores de voo já poderão ter acesso além da previsão normal das condições de tempo, às condições de voo sobre rotas polares ou não, quanto aos níveis de radiação. Já as companhias aéreas, poderão decidir sobre a relação risco-benefício, se em determinada ocasião, vale arriscar pessoas sobre as ",econômicas", rotas polares em voos internacionais.
Ressalto que a radiação não-ionizante é caracterizada por não possuir energia suficiente para retirar elétrons dos átomos do meio por onde está se deslocando, mas tem o poder de quebrar moléculas e ligações químicas. Exemplos desse tipo de radiação, podemos citar as ondas de rádio, o infravermelho e a luz visível. Lembremos da Física básica que quanto maior a frequência da vibração eletromagnética, maior a energia, portanto, a radiação ionizante é aquela que possui energia suficiente para interagir com os átomos neutros do meio por onde ela se propaga, ou seja, consegue retirar pelo menos um elétron de um dos níveis de energia de um átomo do meio, por onde ela está se deslocando e assim esse átomo deixa de ser neutro e passa a ter uma carga positiva, devido ao fato de que o número de prótons se torna maior que o de elétrons. então o átomo neutro torna-se um íon positivo. Conclusão: é radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas, sendo que a energia mínima típica da radiação ionizante é de cerca de 10 elétron-volts (unidade de medida de energia, sendo que 1 elétron-volt equivale à energia cinética que um elétron ganha quando é acelerado por uma diferença de potencial de 1 Volt no vácuo. Só para se ter uma idéia da grandeza dessa energia, 1 elétron-volt equivale a cerca de 1,6 x 10 elevado à décima nona potência de joules.
Todo esse poderio energético pode danificar células e afetar o material genético (DNA), causando doenças graves, como câncer. A radiação ultravioleta (excluindo a faixa inicial da radiação ultravioleta) mais energética é ionizante. Partículas como os elétrons e os prótons que possuam altas energias também são ionizantes, no caso, são radiações ionizantes corpusculares, bem como as partículas alfa e as partículas beta (elétrons e pósitrons). Raios gama, raios-x e nêutrons, por fim, completam o rol das radsiações ionizantes, por sinal, muito preocupantes....
Imagem anexada: o modelo NAIRAS prediz exposição de radiação atmosférica a partir dos raios cósmicos galáticos e eventos de partículas energéticas solares. Fonte: NASA.
Rodolfo Bonafim
Diretor Científico da ONG Amigos da Água (Climatologia, Astronomia e Geologia Ambiental)