Isto é, entre os anos de 2006 e parte de 2008, os invernos foram brandos ou amenos, com significantes intervalos de tempo ensolarado e máximas rondando a casa dos 35ºC, sobretudo em dias de vento noroeste (ventos secos que se aquecem devido à compressão sofrida pela descida abrupta da Serra do Mar), mais ostensivos nestes períodos, pois as frentes frias ficavam restritas e bloqueadas na região sul do país. O ano de 2009 foi um ano com forte episódio de El Niño entre novembro daquele ano e março de 2010, com calor reinante determinando temperaturas rondando os 38ºC por várias vezes e picos de até 41,4ºC e ar extremamente seco (15% de umidade relativa do ar, nível crítico segundo a Organização Mundial de Saúde) em 8 de fevereiro, tema de reportagem de ",A Tribuna",, mas o tempo no inverno foi extremamente chuvoso e úmido, com marcas de pluviosidade comparáveis aos meses de janeiro e fevereiro, típicas de verão, por conta do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico) e temperaturas máximas abaixo da média. Já em 2010, o La Niña mais uma vez atuou no outono e sobretudo no inverno, determinando mais e mais chuvas que pelo volume não fariam sentido, pois o inverno é uma estação menos chuvosa.
E... neste ano corrente de 2011, tivemos outra vez o La Niña, desta feita no final da primavera de 2010 até final de janeiro de 2011, embora seus reflexos tenham ido até o final de março. Daí, tivemos um verão extremamente chuvoso e com temperaturas médias ligeiramente abaixo da normal para o verão.
Conclusão: os idosos que começaram a afluir em levas mais intensas para Santos, o fizeram em tempos de clima pouco mais quente e seco. Mas, em algumas reportagens e enquetes, alguns idosos declararam no inverno chuvoso e úmido de 2009, estranheza do clima santista e queixas sobre o excesso de dias encobertos e chuvosos e frio... Quanto ao frio, digo que no clima do inverno santista, raramente as temperaturas mínimas atingem menos de 10ºC (exceto quando há fortes invasões de massas de ar polar). Então, o ",frio", alardeado por alguns idosos, deve-se ao tempo encoberto e/ou chuvoso por vários dias, onde a falta do Sol, faz com que as temperaturas, principalmente as máximas não ultrapassem a casa dos 20ºC. Mas, as mínimas raramente descem abaixo da casa dos 15ºC, portanto esse ",frio", na verdade é a sensação térmica mais baixa, devido à elevada umidade relativa do ar em torno dos 90% a 95%.
Ainda temos o ",Boom imobliário", que Santos vive, incentivada pela corrida pré-sal, que constrói espigões de até 40 andares, podendo levar ao esgotamento do solo já precário dos apertados 49 Km quadrados da parte insular da cidade, influenciando também no clima urbano. Deficiência da já deficiente brisa marinha especialmente no verão, é um dos problemas climáticos em agravamento, causando sensação de abafamento. Temporais repentinos, extremamente localizados (o que acarreta em maior dificuldade na previsão) e mais intensos tendem a aumentar por causa das ",ilhas de calor",. O alto grau de urbanização - muitos edifícios elevados e muito próximos entre si, contribuem para que o ar fique aquecido além do aceito normalmente, subindo às camadas mais altas da atmosfera e condensando-se formam chuuvas torrenciais e até granizo...
Bem, com estes relatos espero ter criado subsídios suficientes para que cada um possa faze suas considerações e comentários, pois afinal, Santos é ou não é, ou será ou não será cidde de clima ideal para os nossos idosos???
Rodolfo Bonafim
Diretor Científico (Climatologia, Geologia Ambiental, Física e Astronomia) da ONG Amigos da Água