Quarta-feira, 27 jan 2021 - 10h04
Por Rogério Leite
Um estudo inédito feito com base em imagens de satélites revelou que a taxa de desaparecimento do gelo em todo o planeta está se acelerando muito rapidamente e revelou que 28 trilhões de toneladas foram perdidas entre 1994 e 2017, o equivalente a uma camada de gelo de 100 metros de espessura cobrindo os estados de São Paulo e Bahia juntos.
Concepção artística mostra a quantidade de gelo perdido na Terra em pouco mais de duas décadas. A massa equivale a um cubo de 10x10x10 km, cheio de ágia congelada, sobre a cidade de Nova York.
Os pesquisadores utilizaram dados e imagens dos satélites ERS, Envisat e CryoSat da ESA, além do Copernicus Sentinel -1 e Sentinel-2 e descobriram que a taxa de perda de gelo da Terra aumentou significativamente nas últimas três décadas, passando de 0,8 trilhão de toneladas por ano na década de 1990 para 1,3 trilhão de toneladas ao ano até 2017.
Para se ter uma ideia do tamanho dessa massa, um trilhão de toneladas equivale a cubo de gelo medindo 10x10x10 km que seria mais alto que o Monte Everest. A pesquisa mostrou que, no geral, houve um aumento de 65% na taxa de perda de gelo nos últimos 23 anos, causada principalmente por aumentos acentuados nas perdas dos mantos de gelo polares na Antártica e na Groenlândia. O derretimento dessas camadas eleva o nível do mar e aumenta o risco de inundações nas comunidades costeiras, com graves consequências para a sociedade, economia e meio ambiente. Segundo Thomas Slater, pesquisador do Centro de Observação e Modelagem Polar da Universidade de Leeds, embora todas as regiões estudadas tenham perdido gelo, as perdas dos mantos da Antártica e Groenlândia foram os que mais se aceleraram e estão agora seguindo os piores cenários de aquecimento climático previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC. No entender de Slater, o aumento do nível do mar nesta escala terá impactos muito sérios nas comunidades costeiras já neste século. Mapa revela as localidades que mais perderam gelo entre 1994 e 2017. Os valores circulados estão em trilhões de toneladas (Tt)
Segundo os pesquisadores, o aumento na perda de gelo foi desencadeado pelo aquecimento da atmosfera e dos oceanos, que se aqueceram em 0,26ºC e 0,12ºC por década desde 1980, respectivamente. Durante o período da pesquisa, houve uma perda de 7,6 trilhões de toneladas de gelo marinho do Ártico e uma perda de 6,5 trilhões de toneladas das plataformas de gelo da Antártica, ambas as quais flutuam sobre oceanos polares.
Metade de todas as perdas foram causadas pelo gelo em terra - incluindo 6,1 trilhões de toneladas de geleiras de montanha, 3,8 trilhões de toneladas da camada de gelo da Groenlândia e 2,5 trilhões de toneladas da camada de gelo da Antártica. Essas perdas aumentaram o nível global do mar em 35 milímetros. Estima-se que para cada centímetro de elevação do nível do mar, cerca de um milhão de pessoas em regiões baixas correm o risco de serem deslocadas. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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