Cientistas brasileiros registram temperatura recorde na Antártida

Alguns dias após a Antártida continental ter atingido uma temperatura recorde de 18.3°C, novas observações feitas por brasileiros apontaram para um novo valor realmente surpreendente de 20.75 °C, considerada a maior temperatura já registrada no continente gelado em todos os tempos.

Pôr do Sol em Port Charcot, Antártida. Crédito: Phillip Salveter/ShutterStock

O registro histórico foi observado na Ilha Seymour, na Antártida Ocidental, em 9 de fevereiro de 2020 e foi reportado pela equipe de pesquisadores brasileiros que monitoram a climatologia da ilha. De acordo com o pesquisador Carlos Schaefer, ligado à Universidade de Viçosa, o novo recorde é simplesmente “incrível e anormal”.

"Estamos observando uma tendência de aquecimento em muitos dos locais que estamos monitorando, mas nunca tínhamos visto algo tão grande", disse Schaefer ao jornal britânico The Guardian.

Continua após a publicidade

Antes de serem confirmado, os valores registrados ainda precisam ser confirmados pela Sociedade Meteorológica Mundial (OMM) antes de serem considerados oficiais. Se estiverem corretos, deverá superar o recorde anterior de 19.8 °C, observado na ilha de Signy, Antártida não continental, em janeiro de 1982.

Ilha de Seymour, na Antártida ocidental. Ali, em 9 de fevereiro de 2020 foi registrada a maior temperatura para o continente gelado, de 20.75 ºC.

Antes do valor de 20.75°C, a temperatura recorde ainda não confirmada foi medida na base argentina Esperanza, no extremo norte da península Antártica em 6 de fevereiro.

Temperaturas na Antártida
A Antártida é um continente colossal de 14 milhões de quilômetros quadrados que possui grandes variações de temperatura em sua faixa geográfica. A temperatura média anual varia de cerca de -10°C na costa antártica a -60 °C nos pontos mais distantes, próximos aos polos.

A menor temperatura do mundo, -93.2 °C, foi registrada na Antártida entre Dome Argurs e Dome Fuji, no dia 10 de agosto de 2010.

É o Aquecimento Global?

A anomalia observada na Antártida recentemente não deve ser entendida como efeito direto do Aquecimento Global, que é uma tendência climática de longo prazo, e sim como um evento momentâneo e pontual.

Ao que tudo indica, o registro parece estar associado, a curto prazo, ao que os cientistas chamam de evento regional de "Foehn", que é caracterizado por um rápido aquecimento do ar que desce uma ladeira ou montanha.

Apesar dessa anomalia não estar ligada às mudanças Climáticas, a tendência mais ampla de aquecimento é clara na Antártica e também em outros lugares do globo. Em julho de 2019, por exemplo, uma cidade no norte da Suécia atingiu 34,8 °C, estabelecendo o recorde de temperatura mais alta já registrada dentro do Círculo Polar Ártico.

Além disso, janeiro de 2020 foi o janeiro mais quente já registrado na Terra, com as temperaturas globais de superfície e oceânica mais altas desde o início dos registros, iniciados em 1880.