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Terça-feira, 22 mar 2022 - 11h34
Por Rogério Leite

Consequências do impacto que extinguiu dinossauros pode ter sido mais brutal que o pensado

Um estudo recente e casual mostra que a quantidade de enxofre liberada na atmosfera, em consequência do fulminante impacto espacial que dizimou os dinossauros há 65 milhões de anos, pode ter sido muito maior que o pensado até agora.

Crédito da imagem: Scientific American
Crédito da imagem: Scientific American

De acordo com o que se sabe até agora, após a colisão do asteroide, há 65 milhões de anos, uma vasta nuvem de gases com enxofre bloqueou o Sol e resfriou a Terra por décadas a séculos e depois caiu na forma de um chuva ácida letal. Esse processo mudou a química dos oceanos por milhares de anos. Entretanto, o estudo recente mostrou que a quantidade de gases sulfúricos injetado na atmosfera e o tempo que durou é bem maior que o calculado.

De acordo com o pesquisador James Witts, ligado à Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, no Reino Unido, a mudança climática que estava associada a ela foi muito maior. "Nós subestimamos a quantidade de enxofre que esse impacto de asteroide criou", disse ele.

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Para Witts, o fato de que o enxofre continuar a cair na superfície da Terra por tempo tão longo pode ajudar a explicar por que demorou tanto para a vida, especialmente a vida marinha, se recuperar, já que parte do enxofre que caiu na terra teria sido levado para os oceanos.

Descoberta ao acaso
Segundo Witts, essa descoberta foi totalmente por acaso. O plano original da equipe era estudar a geoquímica de antigas conchas na região do rio Brazos, próximo ao condado de Falls, no Texas. Esse local é único e estava submerso durante a extinção do final do período Cretáceo, compreendido entre -144 e -66 milhões de anos, quando os dinossauros não aviários morreram. Além disso, fica relativamente próximo da cratera Chicxulub, na Península de Yucatán, no México, onde o asteroide de 10 quilômetros de diâmetro atingiu.

Nesta região, a equipe de Witts coletou amostras de sedimentos, atividade essa não relacionada ao experimento. Entretanto, essas amostras foram trazidas para a Universidade de St Andrews, na Escócia, onde o pesquisador Aubrey Zerkle, geoquímico e geobiólogo, analisou os diferentes isótopos de enxofre - variações de enxofre que possuem um número diferente de nêutrons em seus núcleos.

Nas análises, os pesquisadores encontraram um sinal bastante incomum: os isótopos de enxofre apresentaram pequenas mudanças inesperadas em suas massas, que ocorrem quando o enxofre entra na atmosfera e interage com a luz ultravioleta.

“Isso só acontece dois cenários: em uma atmosfera que não tem oxigênio ou quando você tem muito enxofre e ele sobe muito alto em uma atmosfera oxigenada”, disse Witts.

Como se sabe, a Terra tem cerca de 4,55 bilhões de anos e foi envolta por uma atmosfera oxigenada desde 2,3 bilhões de anos atrás.

“Somos as primeiras pessoas a ver esse tipo de coisa em tempos muito mais recentes ou pelo menos em sedimentos que não estão nos polos da Terra, disse Witts. O professor explica que isso acontece porque as erupções vulcânicas liberam o enxofre na atmosfera, que pode se misturar com a neve e terminar em altas concentrações em núcleos de gelo nos polos, onde não há outro enxofre ou sulfato para diluir essas assinaturas, disse Witts.

"Você não vê essas assinaturas em rochas marinhas. O mar tem sua própria assinatura isotópica que dilui totalmente a pequena quantidade de enxofre desses vulcões", disse o pesquisador.

O fato dessa assinatura estar presente em rochas marinhas do período Cretáceo mostra que “deve ter havido muito enxofre na atmosfera após esse evento de impacto. E isso, é claro, tem uma enorme implicação para as mudanças climáticas relacionadas ao impacto, já que os aerossóis de enxofre, como sabemos das erupções vulcânicas modernas, causam resfriamento”.

Muito do enxofre veio do calcário rico em enxofre na Península de Yucatán.

“Se o asteroide tivesse atingido outro lugar, talvez não houvesse tanto enxofre liberado na atmosfera e a mudança climática que se seguiu poderia não ter sido tão severa e o evento de extinção pode não ter sido tão severo", disso o autor do artigo.

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