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Quinta-feira, 8 fev 2007 - 10h41

Sonda Ulysses atinge o Polo Sul solar

Há menos de 100 anos, o Polo Sul da Terra era uma local misterioso. Os exploradores de então trabalharam arduamente para chegar ali, lutaram contra perigos jamais vistos, ventos desorientadores e um fantástico frio quase marciano. Até Roald Amundsen e Robert Scott chegarem ao Polo em 1911 e 1912, a região era uma incógnita.

Hoje em dia a situação é muito parecida, só que o local é o Sol.

"O polo sul da estrela é um território incerto," disse o físico solar Arik Posner, da NASA. Segundo Posner, nós podemos pesquisar o Sol de duas formas diferentes, observando-o da Terra com ajuda de equipamentos apropriados ou utilizando as espaçonaves, a maior parte delas posicionadas na altura do seu equador. O problema é que ambos os métodos não contemplam o estudo aprofundado das latitudes elevadas, em especial os polos.

Essa história, no entanto, começa a mudar. A sonda Ulysses, construída em conjunto entre norte-americanos e europeus estabeleceu ontem o recorde de aproximação do polo sul solar, ao atingir a latitude de 80 graus sul, quase em cima do polo.

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A sonda já se aproximou do polo sul da estrela por duas vezes, entre 1994 e 1995 e entre 2000 e 2001. As duas aproximações foram muito breves, mas o suficiente para mostrar que os polos são lugares estranhos e interessantes.


Por que explorar o Sol?
Existem muito motivos para isso. Vejamos.


1 - Campos Magnéticos
O norte magnético do sol se extende até o polo sul. "Magneticamente, o Sol está de cabeça para baixo. A maior parte das pessoas não sabem, mas na Terra a situação é a mesma", diz Posner. "Nosso norte magnético se localiza próximo ao Polo Sul geográfico, por isso as bússolas sempre apontam para o sul magnético, ou seja, para o norte geográfico".

Magneticamente, a Terra e o Sol têm muitas coisas em comum. Ambos os polos magnéticos estão em constante movimento e ocasionalmente se invertem por completo, com o norte e o sul trocando de lugares. No Sol, esta inversão ocorre a cada 11 anos, em sincronismo com o ciclo das manchas solares. Na Terra isso acontece aproximadamente a cada 300 mil anos, mas ninguém sabe exatamente o porque.

Posner acredita que o estudo dos polos magnéticos do Sol possa dar aos cientistas maiores esclarecimento sobre o mecanismo magnético da própria Terra.


2 - Vento Solar
Existem buracos sobre os polos solares, conhecidos como "buracos coronais". São lugares onde o campo magnético literalmente se rompe, deixando escapar os conhecidos ventos solares. "Orbitar sobre os polos do Sol é uma oportunidade única de ser atingido por intensos jatos de protons, viajando a milhões de quilômetros por hora", disse Posner. Exatamente neste momento a sonda Ulysses está sendo constantemente bombardeada por essas partículas.


3 - Raios cósmicos
Da mesma maneira que o rompimento do campo magnético permite a saída do vento solar, também permite a entrada dos raios cósmicos vindos do espaço profundo. Seria então o espaço acima dos polos solares um local onde poderíamos coletar material interestelar sem ter que deixar o sistema solar? Essa era a idéia que prevalecia até a primeira aproximação da Ulysses em 1994. "Estavamos errados", recorda Posner. Algum mecanismo, ainda desconhecido, mantém os raios cósmicos longe das regiões polares do Sol. Essa nova aproximação da Ulysses é uma chance rara de investigarmos esse fenômeno".


4 - Temperaturas diferentes
4 - Outro mistério: existem evidências, mostradas nas aproximações anteriores, que os polos norte e sul têm diferentes temperaturas. A atual aproximação do polo sul será seguida por outra programada para 2008, em direção ao polo norte. Os cientistas estão ansiosos para coletar informações e fazer comparações, estudando o porque isso ocorre.


Exploradores
Comparativamente, a sonda Ulysses lembra mais Richard Byrd do que Amundsen e Scott. Em 1929 o piloto Byrd voou sobre o Polo Sul em um avião trimotor chamado Floyd Bennett. O avião ganhou altitude suficiente para ultrapassar os platô polar, voando acima de algumas montanhas e geleiras. Acima do polo magnético as bússolas eram inúteis para localização e haviam poucas marcas visíveis sobre a extensa capa de gelo ofuscante. No entanto, determinado, Byrd guiou seu aparelho exatamente sobre a latitude de 90 graus Sul.

Como Byrd, Ulysses é um aviador. Hoje a sonda está voando a 300 milhões de km acima da "Antartica" solar. Segundo Posner, é uma distância segura e um bom lugar para coletar amostras do vento solar e efetuar medições dos campos magnéticos.

Em sua longa jornada, no entanto, Ulysses seguirá o exemplo de Scott. "Se sobrevivermos, teremos uma história de audácia, paciência e coragem", escreveu o explorador um pouco antes de todo seu grupo perecer de frio. Apesar de atingir o Polo, Scott jamais voltou pra casa.

Ulysses também não retornará. Quando seus sistemas de energia se esgotarem, também perecerá no frio espacial, mas como Amundsen, Scott e Byrd, já terá entrado para a história.

Fotos: No topo, o explorador norueguês Roald Amundsen, que chegou ao Polo Sul em 1911. Na segunda imagem, concepção artística mostra a sonda Ulysses a caminho do polo Sul Solar. Na sequência, imagem captada pelo satélite europeu de observação solar SOHO mostra o vento solar escapando da região mais escura, conhecida como buraco coronal. As últimas imagens em preto e branco mostram o aviador norte-americano Richard Bird que atingiu o Polo Sul em 1929 e o explorador Robert Scott, que após atingir a inóspita região, pereceu ali com sua tripulação.

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