Por Rogério Leite

Capítulo 5

Injeção translunar. rompendo as amarras da gravidade

Desde o momento do lançamento até a entrada da nave em órbita, os três astronautas praticamente viajaram como passageiros, efetuando a leitura de instrumentos e transmitindo dados aos controladores, mas para chegar à Lua era necessário mais que isso. Em terra, uma legião de cientistas e engenheiros revisavam cada parâmetro enviado pela telemetria, enquanto outros controlavam milimetricamente a posição da Apollo na órbita da Terra. E não era para menos.


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Apesar de muitos dizerem que para chegar à Lua é preciso "escapar da gravidade da Terra", esse termo não é o correto. Para chegar à Lua é necessário diminuir a força de atração que a Terra exerce sobre a nave e ao mesmo tempo arremessá-la na direção certa. Para isso é preciso que a Apollo 11 seja corretamente "apontada" e acelerada até a velocidade de 39.260 km/h. Essa intrincada operação é chamada de Injeção Translunar e é nela que os astronautas estão trabalhando.

Duas horas se passaram desde o lançamento e após completar uma volta e meia ao redor do nosso planeta, Neil Armstrong e Buzz Aldrin, auxiliados pelo comunicador de cápsula Bruce McCandless estão prontos para dar a partida no terceiro estágio do Saturno 5 e arremessar a Apolo11 rumo à Lua, mas esse momento precisa ser escolhido com muita precisão. O instante da ignição é um momento crítico e um erro no apontamento da nave pode pôr tudo a perder.


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Minuto a minuto os computadores de bordo comparam a posição da Lua e da Apollo 11 e calculam o ponto correto para o acionamento dos motores. Serão necessários três dias para interceptar a órbita lunar e a partir do momento em que os motores forem acionados nosso satélite terá se deslocado 270 mil quilômetros dentro da sua órbita. A Apollo 11 precisa ser apontada "à frente" da posição desejada, em um ponto no espaço chamado Janela de Injeção Lunar.

Após duas horas e quarenta e quatro minutos de voo a nave sobrevoava as Ilhas Gilbert, entre a Austrália e o Pacífico e todos os preparativos para o disparo de interceptação já estavam completados. Dentro do Módulo de Comando uma nova contagem regressiva tem início e em seguida uma pequena lâmpada se apaga no painel. Era o sinal de que o terceiro estágio podia ser acionado a qualquer momento. Tranquilo, Neil Armstrong diz: "Quando você sentir que é a hora, então é a hora". Ao seu lado Buzz Aldrin aguarda alguns segundos e dispara: "Lá vamos nós. Força!".

O acionamento do terceiro estágio provoca um violento solavanco na tripulação, que é arremessada para frente no interior da cápsula. Preso em seu assento Neil Armstrong não se contém e exclama: "Whew!" (Caramba!). Do Centro Espacial Houston, no Texas, McCandless comunica pelo rádio: "Ignição confirmada. Impulsão correta".

O terceiro estágio queima sem interrupção durante quase seis minutos e eleva a velocidade da Apollo 11 de 7.8 km por segundo para 10.9 km por segundo. A Apollo 11 estava a caminho da Lua, a 384 mil quilômetros da Terra.


Fotos: No topo o astronauta Neil Armstrong posa para as lentes do companheiro Buzz Aldrin no interior do Módulo de Comando. Acima, momento de separação do anél interestágio de um foguete Saturno 5. Crédito: Nasa.



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