Segunda-feira, 12 dez 2011 - 06h54
À medida que internet se expande, mais informações passam a ser acessadas transformando o simples ato de navegar na rede na mais fantástica forma de disseminação do conhecimento jamais ocorrida na história da humanidade.
Apesar disso ser motivo de orgulho da nossa sociedade, a grande rede também contribui de forma assustadora na propagação do falso conhecimento, já que criar um blog com artigos pseudocientíficos, falsos ou alarmantes é a coisa mais fácil do mundo. Um dos assuntos preferidos desses blogs - e até de sites maiores - é o Fim do Mundo, previsto para acontecer em 21 de dezembro de 2012. Esse "evento" será provocado por uma série de acontecimentos coincidentes, confusos e desconexos, mas não menos fantásticos e lucrativos, aliás, muito, muito lucrativos.
Segundo esses blogs, parece que tudo acontecerá ao mesmo tempo em 2012, data em que todas as forças naturais ou ocultas do Universo se juntarão contra nosso planeta e o destruirão, dando início à uma Nova Era ou à extinção da humanidade, não se sabe bem o que.
Além do alinhamento planetário, nosso Sol também entrará em um período de atividade magnética sem precedentes, disparando partículas solares contra a Terra. Esse intenso bombardeio cósmico destruirá equipamentos e fulminará os seres vivos, já que a magnetosfera protetora terá sido extinta pelas forças naturais criadas pelo alinhamento. Como se não bastasse, tudo isso será tremendamente amplificado pela inversão do campo magnético da Terra, que fará o planeta girar ao contrário, fenômeno esse que será provocado pelo alinhamento ou pelo choque do planeta Nibiru ou Hercólubus, que se aproximam do nosso planeta em rota de colisão inevitável. Todo esse cataclismo varia tremendamente entre um blog ou outro, não havendo coerência entre os fatos narrados, que podem mudar de acordo com a interpretação de quem escreve ou lê. No entanto, todos se alicerçam em um fato em comum e alardeado como a mais pura verdade da humanidade:
Os Mais eram excelentes astrônomos e observadores e mapearam com bastante precisão as fases e movimentos de diversos corpos celestes, especialmente a Lua e Vênus. Além disso, desenvolveram um complexo e preciso sistema de medição de tempo baseado em dois calendários principais chamados Tzolk'in, de 260 dias e Haab', de 365 dias, mas nem um dos dois numerava os anos.
Apesar de ser um método engenhoso de contar os dias, o calendário de 52 anos não permitia aos Maias datar longos períodos de tempo e para isso era usado o calendário da contagem longa, de base 20. A palavra Maia para dia era k´in. O período de 20 k´ins era chamado de Winal e 18 Winals, o equivalente a 360 dias, era chamado de tun. 20 tuns eram chamados de K´atun (19.7 anos) e 20 k´atuns eram chamados de B´ak´tun e equivalia a 394.3 anos. Se achou um pouco confuso a tabela abaixo ajuda a compreender.
No primeiro caso, não se sabe se por ignorância ou má fé, consideraram o último dia do 13º b´ak´tun (21 de dezembro de 2012) como a data derradeira do calendário, mas isso não é correto. Da mesma forma como nossa contagem não termina em 31 de dezembro, a contagem maia também não finaliza no 13 b´ak´tun, pois ainda se seguirão os b'ak'tuns 14º a 20º, continuação natural do calendário da contagem longa de base 20.
Além das coincidências mostradas, 21 de dezembro de 2012 é a data que os místicos elegeram para o impacto do hipotético planeta Nibiru contra a Terra e também de uma alardeada abrupta mudança na orientação dos polos magnéticos da Terra. Como foi dito no início do artigo, de acordo com os místicos parece que tudo acontecerá ao mesmo tempo em 2012. As consequências não são claras e cada defensor de uma teoria aponta rumos diferentes para os acontecimentos que se sucederão após 21 de dezembro de 2012, desde a destruição total do planeta até o início de uma Nova Era. No entanto, essa visão não é compartilhada pela ciência, que se baseia em fatos concretos e não em profecias ou ilusões.
Nossa intenção não é fazer com que as pessoas que tenham opinião contrária, mudem de opinião. Isso é praticamente impossível. Nosso objetivo é apenas mostrar a verdade científica para aqueles que ainda têm dúvidas sobre o assunto ou que nunca ainda tenham ouvido falar sobre ele.
O suposto "alinhamento" também acontece em 21 de junho, quando a Terra está na posição contrária da órbita com relação a dezembro, ficando entre o Sol e o centro da Via Láctea. Essa disposição ocorre há milhões de anos e não constitui nenhuma novidade. Com relação aos outros planetas, nem de longe a posição deles em 21/12/2012 se assemelha a um alinhamento, conforme mostra a carta celeste.
No entender dos seguidores de Sitchin, Nibiru se aproximaria de novo em 2003, mas como nada aconteceu mudaram a data para 2012. Em 2008 diziam que já era possível vê-lo a olho nu a partir de 2009, mas como ninguém o observou até agora o assunto ficou meio esquecido. Nibiru e outras histórias não passam de "pegadinha de internet" e antes do advento da rede mundial de computadores ninguém falava nesse assunto, que tomou fôlego a partir do final da década de 1990. Não existe qualquer base científica para a afirmação da existência de Nibiru. Caso o planeta realmente existisse, astrônomos do mundo inteiro já o teriam visto e calculado sua órbita. Não seria necessário supertelescópios nem agências espaciais, apenas observações normais que qualquer pessoa pode fazer. Com relação ao Planeta-X, esse é o nome que se dá a qualquer corpo hipotético que possa causar perturbações gravitacionais em outros objetos, mas que ainda não tenha sido descoberto. Plutão, por exemplo, já foi chamado de Planeta-X. Eris e Ceres também. Atualmente, alguns cientistas especulam sobre a possibilidade de um objeto de grande dimensão localizado há mais de 1 ano-luz de distância (9 trilhões de km), nas proximidades da nuvem de Oort. A existência desse objeto foi proposta em 1999 pelo astrofísico John J. Matese, da Universidade de Louisiana, a partir de perturbações gravitacionais exercidas em cometas localizados no interior da Nuvem, mas até agora não foram encontradas provas de sua existência.
Ao que tudo indica, desde que a Terra existe os polos magnéticos já trocaram de posição por diversas vezes. Essa informação foi obtida após a análise dos minerais ferromagnéticos contido nas rochas, que mostraram que essas inversões ocorrem em intervalos não regulares de cerca de 250 mil anos. No entanto, não existe qualquer comprovação de que isso oconteceu abruptamente, com exceção de algumas localidades do planeta que ainda estão sendo investigadas. Segundo os geofísicos, as inversões do campo magnético são muito lentas e neste exato momento estamos passando por uma delas. Isso significa que em 250 mil anos os polos magnéticos poderão estar em lugares opostos ao que estão hoje. Assim sendo, não há nenhum risco de que isso acontecerá em dezembro 2012.
Para que o eixo da Terra seja abalado é necessária uma força descomunal, inimaginável. Nenhuma força terrestre conhecida tem capacidade de alterar essa inclinação. Isso só seria possível se algum objeto muito grande, de dimensões planetárias, se chocasse contra a Terra e até agora os cientistas não tem conhecimento de qualquer objeto que esteja vindo em nossa direção.
Em 2012 poderemos presenciar diversas tempestades solares, com efeitos na Terra que podem ir desde simples auroras boreais até avarias e blecautes elétricos, além de falhas nas radiocomunicação e panes em sistemas eletrônicos, especialmente satélites. Responsável por milhões de dólares de prejuízo todos os anos, as tempestades solares são comuns e a cada dia novas medidas são tomadas na proteção e prevenção dos patrimônios sujeitos a esses fenômenos. Apesar de possíveis prejuízos, cenários como aqueles apresentados em documentários, em que os humores do astro-rei causam blecautes mundiais que beiram o Armageddon, não passam de obra de ficção.
Esperamos ter ajudado!
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