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Terça-feira, 10 dez 2013 - 09h54
Por Rogério Leite

CBERS-3: Ninguém sabe o que aconteceu com o satélite brasileiro

Atualização: 10 dez 2013 as 12h54Após uma pesquisa constatamos que os objetos 39460U, 39461U, 39476U, 39476U e 39477U, mencionados no final do artigo foram na realidade lançados nos EUA em 03 de dez. Assim, se o CBERS-3 era a única e principal carga a bordo do foguete Longa Marcha, ele reentrou.



CBERS-3: Ninguém sabe o que aconteceu com o satélite brasileiro
24 horas depois da tentativa malsucedida de colocar o CBERS-3 em orbita, ninguém sabe o que aconteceu com o satélite. As informações são todas desencontradas e revelam a precariedade tecnológica envolvida no rastreio de satélites e recepção dos dados telemétricos.

satélite CBERS-3
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Talvez pior que a falha da colocação do CBERS-3 em orbita, a falta de um canal de comunicação adequado por parte do INPE é algo sem sentido e que só traz prejuízo para a instituição. Enquanto as agências espaciais dos EUA e Europa fornecem dados em tempo real sobre suas missões e lançamentos, aqui no Brasil as missões parecem feitas para não serem divulgadas para o público.

Quando alguma coisa errada acontece, como foi o caso do lançamento do CBERS, não existe qualquer porta-voz ou responsável para explicar o que pode ter acontecido. Notas técnicas, gráficos, simulações e modelagens são coisas raras ou inexistentes e cada um dos envolvidos fala o que quer.

É importante deixar claro que isso não inviabiliza ou invalida o trabalho do INPE, um dos maiores centros de excelência do país. Grande parte do satélite de última geração que deveria estar em orbita foi projetada e construída no instituto, o que gerou conhecimento e tecnologia que serão aproveitadas em outras missões.

No entanto, a falta de comunicação do órgão revela alguns problemas bastante pontuais e que precisam ser corrigidos de modo a dar maior transparência ao trabalho do único instituto de pesquisas espaciais que temos no Brasil.

Até agora ninguém sabe o que aconteceu com o satélite CBERS-3. Não se sabe se foi uma falha no último estágio do veículo Longa marcha ou no próprio satélite e isso demonstra falta de capacidade de receber dados telemétricos em tempo real vindos de localidades fora da área coberta das antenas do instituto. Se esses dados chegaram ao INPE em tempo real, ninguém sabe, ninguém viu.

Em vídeo gravado e exibido quase 20 horas após o lançamento pelo principal telejornal do país era possível ver que as informações estavam sendo recebidas no INPE através de uma ligação telefônica desde a China, local onde foi lançado o foguete Longa Marcha com o satélite a bordo. Não havia qualquer telemetria, mas uma voz vinda da China.

Durante a ligação, a voz revelava que o painel solar havia sido aberto, o que provocou uma salva de palmas no pessoal que acompanhava o lançamento, em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo. Imediatamente, o instituto lançou uma pequena nota em que afirmava que o lançamento havia sido um sucesso.

Neste ponto é preciso certa cautela, pois não se sabe se a confirmação da abertura do painel solar foi gerada por modelagem ou dados telemétricos reais, recebidos no centro de controle chinês, já que depois disso nenhum sinal foi captado ou transmitido pelo CBERS, configurando a perda do satélite. Novamente, se existiu alguma telemetria, ninguém sabe, ninguém viu.

Depois da confirmação de que o sinal do CBERS não foi captado pelas estações de rastreio (ninguém informou quais estações), começou a fase da confusão, com os principais portais copiando e colando notícias iguais e sem qualquer informação relevante.

Segundo o INPE, o problema "pode" ter acontecido alguns segundos após a separação do satélite. Para o instituto, o CBERS chegou a atingir 720 quilômetros de altitude e nesse ponto deveria acionar o propulsor para ganhar velocidade e entrar em órbita. Mas o motor parou de funcionar antes do previsto e o satélite caiu na Terra.

Novamente, a falta de comunicação com a imprensa torna essa informação sem sentido e até mesmo surreal, uma vez que um satélite a 720 km de altitude, mesmo sem ser reposicionado poderia levar anos pra cair, a não ser que o foguete o impulsionou diretamente contra a atmosfera, fazendo o perigeu ficar muito baixo ou até mesmo negativo (abaixo da superfície). Se isso aconteceu, o satélite de fato teria sido destruído na reentrada, mas por uma falha do próprio equipamento e não do lançador chinês. Como não existe telemetria, tudo não passa de especulação.

Como obter informações da China também é uma missão totalmente impossível, não sabemos quantas cargas estavam a bordo do veículo Longa Marcha. Até esta manhã, elementos orbitais mostrados em nosso site Satview indicavam que havia pelo menos três objetos em órbita, lançados na madrugada de segunda-feira. São eles: 39460U, 39461U e 39476U.

Se haviam 4 objetos, o CBERS provavelmente reentrou na atmosfera. No entanto, se haviam 3, o CBERS ainda estaria em orbita com apogeu de 14.848 km e perigeu de 363 km. Entretanto, essa é apenas uma especulação sobre o paradeiro do satélite, uma vez que não há qualquer informação relativamente confiável que possa nortear uma pesquisa mais acurada. Se existe, ninguém sabe, ninguém viu.

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