Quarta-feira, 29 abr 2009 - 09h29
Novas imagens de satélites divulgadas pela agência espacial européia confirmam que centenas de icebergs começaram a eclodir na frente norte da plataforma de gelo de Wilkins, na Antártida, indicando que a gigantesca placa de gelo tornou-se extremamente instável. O evento é consequência direta do colapso da estreita ponte de gelo que ligava o continente à ilha Charcot, no início de abril.
A ponte, que formava uma espécie de barreira que aprisionava o gelo central da plataforma partiu no dia 5 de abril, lançando ao mar aproximadamente 330 quilômetros quadrados de água congelada. Como consequência, as rachaduras da superfície que se desenvolviam ao longo da região norte abriram ainda mais, formando novas fissuras que se propagaram, partindo o gelo. Utilizando imagens combinadas captadas pelos satélites Envisat, da ESA e TerraSar-X, da agência espacial alemã, os pesquisadores acompanham diariamente os acontecimentos que ocorrem na plataforma de Wilkins. Na Alemanha o fenômeno está sendo estudado pela Dra. Angelika Humbert, do Instituto Geofísico da universidade de Münster e pelo cientista Matthias Braun, do Centro de Sensoriamento Remoto da universidade de Bonn.
As Imagens captadas mostraram que os primeiros icebergs começaram a se romper no dia 24 de abril, produzindo até agora um escape de 700 km quadrados de gelo em direção ao mar de Bellingshausen. Ao contrário da ponte de gelo, que se espalhou rapidamente após ruir, os cientistas acreditam que neste caso a descarga de blocos deverá durar algumas semanas. Segundo Humbert, os icebergs estão nascendo em consequência das zonas de fraturas que se formaram nos últimos 15 anos e que tornaram a Wilkins uma plataforma frágil e instável.
A situação na Península Antártica preocupa os cientistas. De acordo com Vaughan existem muitas incertezas sobre a formação de uma nova e estável conexão ligando as ilhas Latady, cordilheira Petrie e ilha Dorsay. "Se a conexão à ilha Latady se perder, a perda projetada de 3370 km quadrados de gelo pode ser muito maior, mas ainda não temos elementos suficientes para acreditar que isso ocorra", completou o pesquisador.
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