Sexta-feira, 13 mai 2011 - 11h24
Utilizando dados da sonda interplanetária Galileo em 1999, pesquisadores estadunidenses confirmaram a existência de um verdadeiro oceano de magma abaixo da lua jupteriana Io. A descoberta explica porque o satélite é o mais vulcânico dos objetos do Sistema Solar e sugere que a Terra e a Lua também tiveram oceanos similares no início de suas formações.
O estudo foi conduzido por uma equipe de investigadores das universidades da Califórnia, Los Angeles e Michigan e publicado esta semana no periódico científico Science. "Estamos bastante animados por finalmente entendermos de onde vem o magma de Io e também decifrar as misteriosas assinaturas registradas pelos magnetômetros da Galileo", disse Krishan Khurana, líder do estudo e coinvestigador dos dados do magnetômetro da sonda junto à Universidade da Califórnia. "Io emitia um sinal que variava junto ao campo magnético de Júpiter. Esse sinal era típico de rochas derretidas abaixo da superfície", disse Khurana.
Io produz 100 vezes mais lava por ano do que qualquer vulcão na Terra. Entretanto, enquanto em nosso planeta os vulcões se formam sobre pontos quentes como o Anel de Fogo do Pacífico, em Io os vulcões são distribuídos por toda a superfície. De acordo com o estudo, esse vulcanismo ocorre devido à existência de um gigantesco oceano de magma localizado entre 30 e 50 km abaixo da superfície. "Ao que parece, há bilhões de anos a Terra e a Lua também tiveram um oceano magmático semelhante", disse Torrence Johnson, cientista do projeto Galileo junto ao laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, JPL. No entender do pesquisador, o vulcanismo de Io presenteia os estudiosos com uma verdadeira "janela no tempo" e apresenta diversos estilos de atividades vulcânicas que podem ter ocorrido na Terra e na Lua durante os primeiros momentos da história.
A sonda Galileo foi lançada em 1989 e passou a orbitar Júpiter em 1995. Em outubro de 1999 a sonda fez a primeira aproximação da lua Io e constatou uma série de anomalias no campo magnético do satélite. Em fevereiro de 2000 a Galileo fez nova incursão sobre Io e confirmou as estranhas assinaturas magnéticas. Após uma missão bem sucedida, em 2003 a nave foi arremessada intencionalmente contra a atmosfera jupteriana, coletando dados importantes sobre a composição do gigante gasoso.
Trabalhos recentes na física dos minerais demonstraram que um grupo de rochas conhecidas como ultramáficas tornam-se capazes - quando fundidas - de conduzir substanciais valores de corrente elétrica. As rochas ultramáficas são de origem ígnea ou se formam através do resfriamento do magma. Na Terra, acredita-se que se originam no manto. Essa descoberta levou Khurana e seus colegas a testar a hipótese de que a estranha assinatura magnética registrada pela Galileo podia ser causada pela corrente elétrica que flui nesse tipo de rocha derretida. Os testes mostraram que as assinaturas eram consistentes com o lherzolito, um tipo de rocha ígnea rica em silicatos de magnésio e de ferro encontrado em Spitzbergen, na Suécia. Os estudos também demonstraram que a camada de magma em Io tem cerca de 50 quilômetros e ocupa pelo menos 10% do volume do manto. A temperatura calculada do oceano magmático é de cerca de 1200 graus Celsius.
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