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Terça-feira, 16 dez 2008 - 10h29

Cientistas identificam nova região da magnetosfera

A magnetosfera é uma camada da Terra onde o campo magnético do planeta tem papel decisivo nos processos que ali ocorrem e apesar de ser invisível aos nossos olhos, age como escudo protetor contra as partículas eletricamente carregadas emitidas pelo Sol.

Mesmo não sendo vista, os efeitos sobre a magnetosfera são notados na forma de espetaculares luzes coloridas que iluminam o céu nas latitudes mais elevadas, provocadas pelo impacto dessas partículas contra os átomos de oxigênio e nitrogênio presentes entre 80 e 150 km de altitude. Esse espetáculo luminoso é chamado de aurora boreal ou austral.

Agora, um recente estudo liderado pelo cientista Charles Chappell, professor de física da universidade de Vanderbilt, nos EUA, revelou que a magnetosfera possui também outra região, formada por um manto de plasma aquecido. O estudo está baseado nos dados coletados por cinco satélites diferentes e foi publicado na seção de Física do Espaço do periódico Journal of Geophysical Research.

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Outras camadas da magnetosfera são conhecidas há bastante tempo. Chappell e seus colegas detectaram nestas camadas a existência de um "ciclo natural de energização", que acelera os íons de baixa energia da ionosfera da Terra até os níveis energéticos mais elevados, típicos das diversas regiões da magnetosfera. Isso permitiu aos cientistas a descoberta dessa nova região.


O Manto
O manto de plasma aquecido é uma tênue região que começa no lado noturno do planeta e se propaga até o lado diurno, para então desaparecer lentamente no período da tarde. Como conseqüência, o manto atinge três quartos do planeta.

A camada recém descoberta é alimentada por partículas carregadas de baixa energia que são lançadas em direção ao espaço acima dos pólos da Terra, por um fenômeno chamado "Vento Polar". Essas partículas viajam na cauda magnética da Terra e em seguida são aceleradas de volta sobre uma região conhecida como "folha de plasma".


Juntando as Peças
Uma importante parte da descoberta foi baseada em modelos gerados nos supercomputadores do Centro de Estudos Ambientais e Terrestres do Observatório de Saint-Maur, na França. O objetivo era prever o movimento dos íons no campo magnético da Terra.

"Esses movimentos são muito complicados. Os íons espiralam, são arremessados e desviam. Um monte de coisas pode acontecer", disse Dominique Delcour, diretor do centro francês e um dos responsáveis pela descoberta.

Quando os pesquisadores aplicaram o modelo sugerido às observações de satélite, alguns padrões se tornaram bastante claros e permitiram descobrir como os íons se movem desde a ionosfera até formar o manto de plasma aquecido.

"Conhecíamos outras regiões há muito tempo, mas o manto de plasma era uma coisa vaga, que não tínhamos informações suficientes. Quando juntamos as peças, vimos a luz", disse Chappell.


Impacto de Partículas
Apesar de ser invisível, a magnetosfera tem grande impacto no dia a dia. Quando as tempestades solares atingem a camada, surtos de elevado potencial podem gerar campos elétricos que se propagam pelas redes de distribuição, provocando cortes de energia e até mesmo explosões de transformadores.

As transmissões de rádio também são muito sensíveis aos distúrbios, que geram interferências em grande parte do espectro de radiofreqüência, embaralhando sinais de GPS e dispositivos de localização. Os bombardeios na magnetosfera também podem causar sérios danos aos sistemas a bordo dos satélites e afetar a temperatura e a dinâmica na alta atmosfera.


Arte: Diagrama mostra o mecanismo de formação da camada do manto de plasma aquecido, formado por partículas de baixa energia que são lançadas ao espaço acima dos pólos da Terra. Crédito: Charles Chappell/Apolo11.

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