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Quinta-feira, 8 jun 2017 - 09h48
Por Rogério Leite

Cientistas podem ter descoberto a origem do misterioso sinal WOW

Há 40 anos, um sinal extremamente forte e misterioso foi recebido aqui na Terra através de radiotelescópio e desde então é considerado o único sinal que pode ter sido emitido por uma civilização distante. Mas o mistério pode ter chegado ao fim.

Sinal WOW
Anotação do radio astrônomo Jerry Ehman ao lado dos códigos de intensidade do sinal captado em 15 de agosto de 1977.

Batizado de sinal WOW, a emissão eletromagnética vem sendo estudada desde que foi captada e desde então diversas teorias foram lançadas para tentar explicar a origem do sinal, desde passagem de satélite espião sobre o radiotelescópio até o acionamento de fornos de micro-ondas nas imediações do observatório. No entanto, nenhuma das teorias apresentadas conseguiu explicar perfeitamente a origem e natureza do sinal.

Assim que foi detectado, os pesquisadores analisaram a posição da antena e concluíram que a estranha e forte emissão parecia ter origem na constelação de Sagitário e tinha a frequência de 1420.4556 MHz, correspondente à famosa linha de 21 cm do hidrogênio, também chamada de “janela da água” em radioastronomia. É nessa frequência que pesquisadores estudam possíveis tentativas de contatos extraterrestres.

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Sinal muito forte
O sinal durou exatos 72 segundos e foi detectado uma única vez, em agosto de 1977 e de tão forte recebeu o nome de "WOW!", devido à inscrição anotada à caneta pelo pesquisador Jerry Ehman, responsável pela observação.

A estrela mais próxima que existe na direção de Sagitário está a pelo menos 220 anos-luz de distância. Se tivesse vindo da região dessa estrela, teria sido um evento astronômico de potência absurdamente grande, mas até agora não existe qualquer comprovação de sua origem. No entanto, o mistério parece estar no fim.


Um cometa?
Um estudo publicado no Journal of the Washington Academy of Sciences, promete bater o martelo sobre a origem e natureza do sinal WOW e afirma que cometa 266/P Christensen foi o gerador da emissão eletromagnética, na posição certa para ser captada pela antena do radiotelescópio.

A afirmação foi feita pelo pesquisador Antonio Paris, que junto ao Center for Planetary Science, dos EUA, realizaram 200 observações entre novembro de 2016 e fevereiro de 2017, a fim de testar as hipóteses que fizeram no ano passado.

Segundo o estudo, havia dois cometas na região em agosto de 1977, o cometa 266P/Christensen e o cometa P/2008 Y2 (Gibbs), considerados fortes candidatos pelos pesquisadores.

266P/Christensen retornou à região em 25 de janeiro passado, ocasião em que Paris e seus colegas tiveram a chance de acompanhar o objeto na esperança de detectar um sinal no mesmo comprimento de onda do sinal WOW. E isso aconteceu.

Confirmando as emissões
Durante as observações, Paris certificou-se de que não havia outras fontes de rádio alternativas ao redor de 15 graus angulares do cometa. Considerando que a Lua cheia é cerca de metade de um grau, esse é um grande pedaço do céu. O cometa foi detectado emitindo ondas de rádio na frequência de 1420.4556 MHz e como um teste adicional, Paris moveu o telescópio de 10 metros a 1 grau do cometa e o sinal desapareceu.

O pesquisador também escolheu três cometas aleatoriamente do catálogo JPL Small Bodies: P/2013 EW90 Tenagra, P/2016 J1-A PANSTARRS e 237P / LINEAR) e nos três objetos se constatou a mesma emissão de 1.420 megahertz, o que aumentou ainda mais as chances de a emissão do sinal WOW ter partido de um cometa, no caso 266P/Christensen. Um novo teste será feito em 2018.

Segundo Paris, a importância da descoberta não é desvendar o mistério do sinal WOW. Embora isso tenha sido muito interessante, o trabalho mostrou a possibilidade de rastrear e detectar a assinatura eletromagnética de cometas usando um radiotelescópio.

"Este é um passo importante na radioastronomia, porque agora podemos rastrear um sinal de 1420 MHz também para os corpos celestes locais", disse Paris.

Saiba mais sobre o sinal WOW!
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