Segunda-feira, 28 ago 2006 - 14h35
A recente decisão da União Astronômica Internacional, IAU, de retirar de Plutão o status de planeta, causou grande descontentamento entre diversos cientistas. Na Nasa, o cientista Alan Stern, chefe da missão New Horizons, com destino a Plutão, criticou duramente a decisão, qualificando-a de "constrangedora".
De acordo com Stern, "foi uma decisão horrenda, ciência mal feita, e jamais vai passar pela avaliação da categoria séria de astrônomos por duas razões". "Em primeiro lugar, é impossível e artificial colocar uma linha divisória entre o que seria planetas e planetas-anões. É como se declarássemos que as pessoas não são pessoas por uma razão arbitrária, como ´elas vivem em grupos´".
"Em segundo lugar, a definição em si é pior ainda pior, simplesmente por ser inconsistente." Um dos três critérios definidos pela IAU, para que um objeto tenha o status de planeta é que este precisa ter "limpado as áreas vizinhas em sua órbita", ou seja, ter atraído para seu campo gravitacional qualquer objeto nas vizinhanças. O problema, segundo Stern, é que os maiores objetos no Sistema Solar agregam a matéria em seu caminho ou acabam por expeli-la. Plutão não passou na classificação porque sua órbita, altamente elíptica, se sobrepõe à de Netuno - ou seja, nem agregou nem expeliu o outro planeta. O cientista também destacou que a Terra, Marte, Júpiter e Netuno também não "limparam" totalmente as suas zonas orbitais. "A Terra órbita o Sol juntamente com 10 mil asteróides próximos. Júpiter, é acompanhado de 100 mil asteróides troianos". Troianos são os asteróides que seguem na mesma órbita que um determinado planeta. Em essência, estes asteróides são rochas e fragmentos que restaram depois da formação do Sistema Solar, há mais de 4 bilhões de anos. "Se Netuno tivesse ´limpado´ a sua zona, Plutão não estaria lá", acrescentou. Stern disse que astrofísicos com posições iguais à sua organizaram uma petição para restituir a Plutão sua classificação de planeta. Milhares de decalques onde se lê "buzine se Plutão ainda é um planeta" (lado) estão sendo vendidos pela internet. E-mails sobre a decisão também circulam na rede mundial, chamando a IAU de "União Astronômica Irrelevante". Owen Gingerich, professor emérito de Harvard, preside a comissão da IAU que define os planetas e ajudou a elaborar a proposta inicial, que aumentava para 12 o número de planetas do Sistema Solar. Gingerich, atribuiu o resultado da conferência em grande parte a uma "revolta" do gupo conhecido por "dinamicistas", astrônomos que estudam o movimento e os efeitos gravitacionais dos corpos celestes. "Em nossa proposta inicial, a definição de um planeta era baseada em argumentos sustentados por geólogos planetários. Os dinamicistas se sentiram insultados por não os termos consultado para saber o que pensavam. De alguma forma, eles estavam presentes em número suficiente para criar um grande protesto", disse Gingerich. "A revolta criou uma comoção geral, suficiente para destruir a integridade científica da resolução anterior." Cerca de 2700 astrônomos estavam presentes durante a Assembléia que votou pelo rebaixamento de Plutão. Os que discordavam da proposta de ampliação de 9 para 12 planetas estavam presentes em número muito maior. Gingerich, que estava nos Estados Unidos e perdeu a votação, disse que gostaria que fosse possível a introdução de voto eletrônico. Alan Stern concorda com ele: "Eu não votei porque não estava no plenário. Apenas 4% dos astrônomos estavam presentes naquele recinto. Não se pode nem alegar consenso." "Se todo mundo tivesse que viajar para Washington DC todas as vezes que se desejasse votar para presidente, nós teríamos resultados muito diferentes porque ninguém iria votar.", finalizou Stern. Fotos: No alto, concepção artística de Plutão e sua lua Caronte, como vistos de uma de suas duas novas luas, recém descobertas. Acima vemos a a presidente da IAU, Catherine Cesarsky, brincando com o cachorro Pluto (Plutão), abaixo de um guarda-chuva, em alusão à nova categorias, que "abrigou" Plutão. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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