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Quinta-feira, 12 fev 2019 - 08h00

Conheça El Gordo, um raro tipo de aglomerado galáctico em colisão

Utilizando imagens combinadas de telescópios terrestres e espaciais, uma equipe internacional de cientistas descobriu o maior aglomerado de galáxias jovens visto até hoje. O objeto é tão quente e massivo que foi apelidado pelos astrônomos como "El Gordo" e segundo seus descobridores sua luz levou 7 bilhões de anos para chegar até nós.

Aglomerado galático El Gordo
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O cluster (aglomerado de objetos) é na realidade composto de dois sub-aglomerados de galáxias em colisão, que se misturam a milhões de quilômetros por hora. Para estuda-lo foram empregados o Very Large Telescope, VLT, do ESO, instalado no deserto do Atacama no Chile, o observatório espacial de raios-X Chandra da NASA e o Atacama Cosmology Telescope, também instalado nos Andes Chilenos.

De acordo com o autor do paper (trabalho científico) Felipe Menanteau, ligado à Universidade Rutgers, El Gordo tem mais massa, é mais quente e emite mais raios-X do que qualquer outro aglomerado encontrado a esta distância ou ainda maiores. "Dedicamos muito do nosso tempo de observação ao El Gordo e estou contente por termos conseguido descobrir este espantoso aglomerado em colisão”.

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Formação
Os aglomerados galácticos são os maiores objetos mantidos pela força da gravidade que existem no Universo. O processo da sua formação ocorre a partir de outros grupos de galáxias menores que se fundem e depende muito da quantidade de matéria e energia escura contida atualmente no Universo. Por isso, o estudo dos aglomerados ajuda os cientistas a compreender melhor estas misteriosas componentes do cosmos.


Detecção
A equipe de cientistas localizou El Gordo ao detectar uma distorção na radiação cósmica de fundo de micro-ondas, um tênue sinal eletromagnético relacionado à primeira radiação proveniente do Big Bang, a origem do Universo, ocorrida há cerca de 13.7 bilhões de anos.

Esta radiação interage com os elétrons do gás quente dos aglomerados de galáxias e distorcem a aparência do brilho de fundo de micro-ondas quando visto a partir da Terra. Quanto maior e mais denso for o aglomerado maior será este efeito, batizado de Sunyaev-Zel’dovich (SZ), em homenagem aos astrônomos russos Rashid Sunyaev e Yakov Zel’dovich, que o previram no final dos anos 1960.

El Gordo foi descoberto durante um rastreio de rotina da radiação de fundo feito pelo Atacama Cosmology Telescope. Após detectado, a equipe de cientistas utilizou o VLT para medir as velocidades das galáxias envolvidas na colossal colisão e também para medir a sua distância à Terra. O gás altamente aquecido, responsável pela emissão de raios-x, foi estudado pelo Observatório espacial de raios-X Chandra, da Nasa.

Apesar de serem bastante incomuns o tamanho e distância de El Gordo, os autores do estudo afirmam que os novos resultados são consistentes com a atual ideia da formação do Universo a partir do Big Bang e que é essencialmente constituído por matéria e energia escura.

Segundo o estudo, anunciado no início de janeiro de 2012 durante o Encontro da Sociedade Astronômica Americana, provavelmente El Gordo se formou de modo semelhante ao aglomerado Bala, o espetacular aglomerado de galáxias em interação que se encontra a cerca de quatro bilhões de anos-luz da Terra. Em ambos os casos há evidências de que a matéria normal, constituída principalmente por gás quente brilhando em raios-X, foi arrancada da matéria escura e desacelerado pela colisão.


Foto: Aglomerado galáctico El Gordo, formado por duas galáxias em colisão de milhões de km por hora e distante cerca de 7 bilhões de anos-luz da Terra. Crédito: ESO - Observatório Europeu Austral, Apolo11.com.

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