Sexta-feira, 17 nov 2017 - 11h00
Por Rogério Leite
Ao fazer observações a partir do quintal de casa em janeiro de 2012, o brasileiro Avaní Soares se deparou com uma estranha formação na superfície da Lua. Ela não constava em nenhum atlas lunar e ninguém jamais tinha visto ou ouvido falar sobre ela.
Clique para ampliar Astrofotógrafo e astrônomo amador, Avaní tem verdadeira paixão pela Lua e conhece cada cratera presente em sua superfície. Proprietário de um orquidário no interior do Rio Grande do Sul, Soares montou um observatório só para registrar as belezas do céu, em especial a Lua. Como faz habitualmente, na noite de 5 de janeiro de 2012 Avaní iniciou uma nova sessão de fotos e ao estuda-las percebeu algo diferente na paisagem, uma espécie de depressão que nunca tinha notado antes.
"Pesquisei na internet, pedi ajuda de colegas no Brasil e no exterior para esclarecer o que poderia ser esta formação, pois acreditava que ela já deveria ser conhecida ou que outros já houvessem observado a mesma, mas não consegui encontrar nenhuma referência sobre esta formação lunar", explica Avaní. Estudando fotos obtidas com intervalo de duas horas, o astrônomo percebeu que a depressão só era notada quando o Sol se encontra em um angulo muito baixo de iluminação. Clique para ampliar Avaní contatou o pesquisador e amigo Vaz Tolentino, ligado ao Observatório Lunar (VTOL) que também se mostrou surpreso. Uma análise preliminar feita por Tolentino mostrou que a depressão, situada na borda da cratera Wollaston D, tinha aproximadamente 42 km de diâmetro. Interessado em descobrir que depressão era aquela, Avaní pesquisou no arquivo de imagens da sonda estadunidense LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter), mas devido ao ângulo da luz solar nas imagens captadas daquela região, nada foi encontrado. Determinado a resolver o enigma, em junho de 2012 o astrônomo fez nova sessão de fotos da mesma região e as cenas obtidas novamente acusaram a depressão fantasma. "Desta vez resolvi pedir ajuda internacional e contatei diretamente a seção lunar da Associação Britânica de Astronomia. Enviei a eles as mesmas fotos obtidas em janeiro e em junho, bem como a desconfiança de que a referida depressão ainda não havia sido catalogada", disse Avaní. Clique para ampliar Após a troca de diversos e-mails, Avaní finalmente recebeu a confirmação que esperava. "Parece que você realmente encontrou uma nova cratera fantasma", disse o pesquisador Anthony Cook, diretor do observatório e ligado ao Instituto de Matemática e Ciências Físicas da Universidade de Wales, no Reino Unido. Era tudo que Avaní queria ouvir. Entusiasmado com sua descoberta, o astrônomo amador fez uma série de novas imagens do local e as enviou ao seu colega Vaz Tolentino, que traçou o perfil altimétrico da feição, concluindo tratar-se de uma depressão com cerca de 46 km de diâmetro e apenas 130 metros de profundidade. "Creio que está descartado qualquer engano quanto a existência e identificação da referida formação. Falta só a divulgação e o reconhecimento oficial para a coroação desse trabalho", disse o astrônomo. Nada mal para uma descoberta feita a partir do quintal de casa. Parabéns Avaní Soares!
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