Terça-feira, 9 dez 2008 - 09h11
Há quem pense que descobrir planetas extrasolares é uma atividade extremamente complexa, que demanda muito tempo de estudos, análises e até observações. Sem dúvida, a difícil tarefa não é pra qualquer um, principalmente quando não se tem acesso a caros e sensíveis instrumentos, mas se depender de três estudantes holandeses bastará um computador, conhecimento e bastante dedicação.
Foi isso o que aconteceu nesta semana, quando três estudantes da Universidade de Leiden, na Holanda, descobriram mais um planeta extrasolar, que segundo seus cálculos tem aproximadamente cinco vezes o tamanho de Júpiter e é o primeiro planeta descoberto que orbita uma estrela muito quente e de alta velocidade de rotação. Apesar da descoberta do planeta ser um grande feito, o que mais impressionou os pesquisadores profissionais foi o método utilizado pelos alunos que usaram uma base de dados pública de catálogo de estrelas. Para estudar o catálogo eles desenvolveram um programa de computador relativamente simples que analisa automaticamente os valores da flutuação de brilho de milhares de estrelas.
O programa revelou que o brilho de uma das estrelas pesquisada decaía 1% por duas horas a cada 2.5 dias. Após essa constatação utilizaram imagens captadas pelo grande telescópio ESO, no Chile, que confirmou que o fenômeno era causado pela passagem de um planeta a frente da estrela e que bloqueava parte da luz a intervalos regulares. Os estudantes Meta de Hoon, Remco van der Burg e Francis Vuijsje disseram que foram necessárias mais de 1 milhão de horas de cálculos para que o programa estudasse todas as estrelas do catálogo. "É um método bastante diferente de descobrir objetos e que poderá ainda ser bastante aperfeiçoado, disse Meta. O novo planeta recebeu o nome de OGLE2-TR-L9b, mas segundo Francis Vuijsje "deveria se chamar ReMeFra-1", em homenagem aos descobridores.
O OGLE (Experimento Ótico de Lentes Gravitacionais) varre o céu uma ou duas vezes por noite e produz uma série de dados estelares que são então colocadas a disposição do público, que pode utilizá-los da melhor maneira. Os dados utilizados pelos estudantes foram gerados entre 1997 e 2000 e segundo Ignas Snellen, supervisor de pesquisa do projeto, serviram exemplarmente para demonstrar a capacidade de busca de exoplanetas através de algoritmos. "Para termos a certeza de que o objeto era de fato um planeta e não uma estrela anã marrom que poderia estar provocando as variações de brilho, tivemos que recorrer à técnica de espectroscopia e ficamos muito contentes quando a ESO nos cedeu os dados do seu grande telescópio", disse Snellen. ESO é a sigla para Organização Européia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul. Segundo o pesquisador, o planeta se localiza a 50 milhões de quilômetros da estrela, o que o torna muito quente. Ainda de acordo com Snellen os dados de espectroscopia mostram que a estrela OGLE2-TR-L9, em volta da qual o planeta orbita apresenta temperatura de 7 mil graus, 1200 graus mais quente que o Sol. Essa é a estrela com planeta mais quente já descoberta e se localiza a 2934 anos-luz da Terra.
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