Terça-feira, 30 jun 2009 - 10h03
Antes da presença humana se alastrar pela Amazônia e grande parte da floresta ser desmatada, a temporada de incêndios florestais naquela região era um evento praticamente inexistente. Durante a seca, a capacidade das árvores extraírem água do solo e a falta de mecanismos naturais de disparo tornavam os incêndios florestais raríssimos em centenas ou milhares e anos.
Atualmente, as queimadas têm até data certa para começar e é praticamente certo que os primeiros focos sejam detectados já no começo de agosto. Em setembro a Região experimenta o pico da temporada, com a fumaça dominando grande parte da Região Amazônica. Recentemente, uma série de imagens publicadas pelos climatologistas Omar Torres e Changwoo Ahn, ligados à Universidade de Hampton, mostrou a aglomeração de material particulado sobre a Amazônia. As observações foram feitas através do Instrumento de Monitoramento de Ozônio (OMI) a bordo do satélite Aura, da Nasa, durante os meses de setembro das temporadas de 2005 a 2008. A escala utilizada (vista abaixo das imagens) indica a quantidade relativa de partículas que absorveram ou atenuaram a luz solar.
Pelos gráficos é possível constatar que quantidade variou significativamente entre os anos. Os níveis que estavam relativamente altos em 2005, baixaram em 2006. Em 2007 voltaram a subir até caírem abruptamente em 2008. Segundo Torres, a compreensão das causas das flutuações é um desafio, porque apesar de praticamente todas as queimadas estarem ligadas às atividades humanas, o clima também influencia na gravidade dos incêndios. No entender do pesquisador, a variação também sofre com as oscilações de mercado das commodities agrícolas, especialmente soja e carne, além do endurecimento ou não das leis ambientais. Torres explica que a seca ocorrida em 2005 contribuiu significativamente para o aumento das queimadas naquele ano. A queda verificada em 2006 foi provavelmente devido, ao menos em parte, a uma reação reguladora tomada devido à devastação do ano anterior. No entanto, fatores climáticos não parecem estar ligados ao aumento das queimadas de 2007 e à abrupta queda de 2008, que parecem estar associadas a fatores socioeconômicos relativos às condições de mercado e ações legais de regulamentação. O interessante do trabalho é ver como os cientistas usam os dados de fumaça e incêndios na Amazônia como um indicador de saúde ou degradação pelo qual passa a floresta todos os anos. Além disso, as queimadas lançam enormes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, enquanto a fumaça diminui a formação de nuvens alterando o balanço energético: poucas nuvens significa mais sol atingindo a superfície, aumentando o aquecimento global.
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