Domingo, 26 mar 2006 - 12h36
Experimentos no espaço: Sementes de feijão e cromatografia da clorofila
Apresentação das experiências que deverão ser realizadas peloastronauta Marcos Pontes durante sua permanência no espaço
Mais que o desejo de confirmar alguma tese científica, tais estudos trazem consigo a capacidade de despertar o interesse dos alunos pela pesquisa e de incentivar os professores a promover atividades de observação, apresentando a todos a magia da ciência, feita de investigação e descobertas.
Neste experimento educacional, a germinação de sementes de feijão e o crescimento das plântulas serão testados sob diferentes condições de luminosidade e de disponibilidade de água, em ambiente de microgravidade da Estação Espacial Internacional (ISS), visando observar os efeitos de fototropismo, graviotropismo e suprimento de água sobre a germinação e o desenvolvimeto de plântulas de feijão. As sementes submetidas à luminosidade serão fotografadas diárias e aquelas em mantidas em ausência de luz serão fotografadas, apenas, no último dia de vôo. As fotografias serão diariamente transmitidas e disponibilizadas em um site da Internet para que estudantes de todo país possam consultá-las. Parte das sementes ou plântulas que retornará à Terra será plantada para que seu desenvolvimento seja monitorado. O experimento será repetido na terra, nas mesma condições de luminosidade e de disponibilidade de água e pelo mesmo período de tempo adotados na ISS. Este projeto tem por objetivos estimular e engajar estudantes na participação das várias possibilidades existentes em pesquisas espaciais. O objetivo deste experimento escolar é o de observar a cromatografia da clorofila em ambiente de microgravidade. Clorofila de algumas espécies nativas brasileiras será extraída por estudantes e irá compor o âmago das experiências. A bordo da EEI, os pigmentos que compõem a clorofila serão separados por efeito da capilaridade através de um papel para cromatografia. Quando a solução de clorofila flui através do papel de cromatografia, as moléculas de cada pigmento se comportam de maneira diferente, resultando em um efeito tipo “arco-íris”. O experimento terá um grupo de controle em terra com o mesmo tipo de clorofila estudado na EEI, nas mesmas condições e tempo. Os cromatogramas deverão retornar à Terra para serem comparados. A gravidade afeta o fenômeno de capilaridade, assim sendo diferenças são esperadas nos cromatogramas terrestre e da EEI. Fotos serão enviadas à Terra e liberadas para acesso via Internet para consulta de estudantes de todo o país.
A prática instiga os alunos a refletirem melhor e perceberem de forma mais contextualizada as relações entre o homem, a ciência e a natureza, permitindo assim uma melhor compreensão do mundo e do caráter histórico e transitório, da ciência.
O ganho para o aluno também se reflete no aumento do seu interesse pela ciência e tecnologia e pelos estudos no geral, possibilitando ainda que o estudante atribua maior valorização à escola como ambiente de construção do conhecimento de forma dinâmica, inovadora e contextualizada.
Para o nosso objetivo que está direcionado ao aluno do ensino fundamental, pensamos que os estudos ligados à processos que têm relação com seres vivos no ambiente de uma estação espacial podem ser muito significativos para ajudar o aluno a entender as diferenças com o nosso planeta e a influência do ambiente de microgravidade sobre estes processos. Além do que, o experimento com as sementes pode ajudar a responder questões sobre o fornecimento de alimentos para missões espaciais de longa duração.
Primeiramente temos que lembrar que as plantas são autótrofas, elas produzem seu próprio alimento. Os vegetais conseguem produzir seu alimento porque existe luz, água e gás carbônico, e fazem isto através de um processo conhecido por fotossíntese, que irá resultar na produção de glicose (alimento para a planta), água e oxigênio que é liberado para a atmosfera. Isso só é possível por que existe a clorofila, que absorve a luz do Sol ( energia solar) e a transforma em energia química (glicose). O aluno pode observar o cloroplasto no microscópio, (estrutura vegetal onde ocorre esse processo), e ele aprende que a clorofila fica dentro desses grânulos. Aproveitamos o processo para falar que a planta apresenta outros pigmentos que são extraídos dos cromoplastos, ex: os caroteno e xantofilas, entre outros, que são importantes nutrientes e tem papel antioxidante no nosso organismo. Surge daí uma boa oportunidade para reforçar aos alunos a importância de uma alimentação saudável e a importância do consumo de folhas verdes na dieta alimentar.
O princípio da cromatografia em papel é o seguinte: quando a ponta da tira de papel que contém a amostra da mistura é mergulhada no líquido solvente, este líquido sobe pelo papel arrastando as substâncias existentes, que depois de certo tempo, vão sendo separadas em faixas de cores distintas. Realizamos este experimento agora não só usando os pigmentos de vegetais, mas também outras substâncias, como tinta de canetas esferográficas, principalmente a cor preta, onde os alunos podem observar as diversas cores que foram usadas para produzir determinada cor. Neste tipo de separação de misturas estão envolvidas diversos fenômenos: efeito da capilaridade, força gravitacional e forças polares das substâncias que desejamos separar. Explicamos também, que essa técnica é usada na medicina legal para investigar casos de envenenamento, em exames de soro sanguíneo e urina, na identificação de estimulantes ingeridos por atletas, na determinação dos componentes de um perfume, entre outras aplicações.
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