Segunda-feira, 6 dez 2021 - 10h08
Por Rogério Leite
Falsos fósseis marcianos podem confundir a busca por vida extraterrestre
Marte é o planeta que mais recebe visitas de robôs exploradores, sempre com o objetivo de detectar traços de algum tipo de vida microbiana que possa ter habitado o local há milhões de anos. O problema é que muitas formações químicas e não biológicas podem enganar os computadores e pesquisadores, invalidando demoradas buscas por vida fora da Terra.
![]() Biomorfo de carbono-enxofre criado em laboratório. Esse é um possível exemplo de falso fóssil que pode ser encontrado por algum rover em Marte. Crédito: Julie Cosmidis, Em artigo publicado no Journal of the Geological Society, em 17 de novembro de 2021, pesquisadores do Reino Unido alertam que falsos fósseis podem complicar as pesquisas por busca microbiana no Planeta Vermelho e afirmam que diversas amostras validadas para pesquisa podem ser na realidade depósitos não biológicos encontradas em rochas que se parecem muito com fósseis de criaturas microbianas. O problema, dizem os pesquisadores, é que muitas dessas formações químicas e não biológicas podem imitar muito as formas biológicas e algumas podem até mesmo se parecer com células e blocos de construção da vida.
Segundo Sean McMahon, coautor do trabalho ligado à Universidade de Edinburgo, na Escócia, Marte é um local repleto de falsos positivos para vida biológica e isso pode ser frustrante para as pesquisas em andamento. "Em algum estágio da exploração, um rover em Marte quase certamente encontrará algo que se parece muito com um fóssil. Assim, será de vital importância distinguir com segurança as estruturas e substâncias produzidas por reações químicas. Para cada tipo de fóssil lá fora, há pelo menos um processo não biológico que cria coisas muito semelhantes, então há uma necessidade real de melhorar nossa compreensão de como essas coisas se formam", disse McMahon. ![]() Estrutura encontrada no meteorito Allan Hills 84001, em 1996. Essaa feição se assemelha a bactérias fossilizadas semelhantes a vermes. Até hoje, o debate sobre sua origem continua, mas a maioria dos cientistas agora concorda que se trata de um tipo de falso fóssil. Crédito: Vanderbilt University.
Para Cosmidis, o problema é que essas bioassinaturas falsas costumam ser refutadas somente após uma análise mais aprofundada e que pode demorar anos, usando diferentes técnicas. Entretanto, no ambiente marciano o tempo de pesquisa é muito reduzido e não teremos essa opção até anos depois que as amostras forem coletadas.
De acordo com a Cosmidis, se um dia encontrarmos filamentos orgânicos microscópicos e esferas em rochas marcianas, será muito tentador interpretá-los como bactérias fósseis, mas eles poderiam muito bem ser biomorfos de carbono-enxofre. Existem também pseudo-microbialitos (depósitos organo-sedimentares que se desenvolvem sobre um substrato geológico), que imitam as estruturas físicas criadas por micróbios, como os estromatólitos. Na Terra, os estromatólitos são criados por organismos fotossintéticos, como algas, e formam cúpulas, cones e colunas. No entanto, os pseudo-microbialitos também se assemelham a essas estruturas. Dessa forma, uma análise detalhada seria necessária para determinar a verdadeira origem de tais formações em Marte.
Décadas depois, os resultados da descoberta ainda são debatidos, embora o consenso científico seja que o objeto fossilizado foi criado por processos não biológicos. Em 2019, os cientistas anunciaram que supostos fósseis marcianos também foram descobertos no meteorito ALH-77005. Na verdade, esses fósseis eram materiais orgânicos mineralizados, semelhantes a filamentos. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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