Sexta-feira, 2 nov 2012 - 09h59
Normalmente, os satélites mostram as tempestades e furacões quase sempre do mesmo ponto de vista, em que as camadas superiores da tormenta aparecem sempre em primeiro plano. No entanto, através de pulsos de radar alguns satélites conseguem penetrar dentro da tempestade, permitindo aos cientistas entenderem melhor o interior desses sistemas.
Clique para ampliar Durante a passagem do furacão Sandy sobre o Caribe e EUA, muitos satélites sobrevoaram diversas vezes o sistema, registrando seu tamanho e movimento. Para isso, quase todos fizeram uso dos comprimentos de onda da luz visível ou infravermelho e só registraram imagens vistas de cima. No dia 29 de outubro, quando Sandy estava sobre a costa leste dos EUA, outro satélite, chamado Cloudsat, também estava observando a tormenta, mas de forma um pouco diferente. Ao invés de registrar a luz emitida ou refletida no espectro visível, Cloudsat estava literalmente bombardeando Sandy com intensos pulsos de radar. O objetivo era registrar os ecos recebidos após os pulsos serem refletidos pelo gelo e pela água no interior da tempestade.
Como as partículas de gelo e de água refletem os sinais de radar com intensidades diferentes, é possível identifica-las com facilidade. A altitude das partículas também pode ser determinada com bastante precisão medindo-se o tempo que as ondas levam desde o momento da emissão até a captação do seu eco. O resultado dessa sondagem é a produção de uma imagem transversal do perfil da nuvem, como se a tempestade fosse cortada verticalmente e então observada de lado. A imagem acima mostra uma composição entre os dados registrados pelo radar a bordo do satélite Cloudsat e de uma imagem feita pelo satélite Aqua, da Nasa, feita no mesmo dia. A linha amarela é o caminho que o Cloudsat fez sobre a tempestade às 18h00 UTC (16h00 BRST - Hora de verão de Brasília). Nos dados dos Cloudsat, as áreas azuis mais escuras representam nuvens e gotas de chuva refletidas com mais intensidade pelos pulsos de radar e revelam grandes volumes de precipitação com gotas maiores de chuva. A linha azul no centro da imagem é a linha de congelamento. As partículas de gelo se formam acima dela e as gotas de chuva, abaixo. Na imagem de satélite, toda a massa de nuvens parece homogênea, mas quando sondadas pelo radar é possível constatar que a região esquerda da foto quase não reflete sinais, já que é formada por nuvens do tipo cirrus, com quase nenhuma precipitação. Outro detalhe interessante são as linhas azuis intensas observadas na parte inferior dos dados do radar. Elas se localizam exatamente sob as áreas com menor precipitação, onde os pulsos emitidos não foram refletidos e chegaram até o nível do solo. Nas áreas de grande precipitação essa linha está ausente, já que as emissões foram totalmente refletidas antes de atingiram o solo.
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