Sexta-feira, 27 fev 2015 - 10h31
Por José Alberto Vivas Veloso
História: Há 60 anos ocorria os maiores terremotos brasileiros
Surpreendente! Os dois maiores terremotos registrados no Brasil se sucederam em um intervalo de apenas 28 dias e tiveram magnitudes bem parecidas. Tratou-se de um fato sismológico singular, para um território tão extenso e considerado uma das áreas contínuas e tectonicamente mais estáveis do Planeta.
![]() Clique para ampliar O primeiro deles, em 31 de janeiro de 1955, com magnitude 6.2, teve seu epicentro nas proximidades da Serra do Tombador, MT – há dúvidas nessa localização. O outro, em 28 de fevereiro de 1955, atingiu magnitude 6.1 e localizou-se no mar, aproximadamente 360 km de Vitória, ES. Ambos tinham potencial para ocasionar destruição, mas seus epicentros, longe de áreas habitadas, não produziram tragédias a lamentar. Ao completarem 60 anos, vale a pena falar um pouco mais sobre eles e também perguntar o quanto aprendemos desde então e o quanto nos capacitamos a registrar nossa sismicidade.
![]() Clique para ampliar O fato é que o caso passou batido pela imprensa, pois há raras notícias jornalísticas. No entanto, uma campanha realizada pela UnB em busca de pessoas que relembravam o fato, mesmo feita 28 anos após o sismo, teve sucesso. Na época, a única estação sismográfica brasileira, no Observatório Nacional,RJ, não tinha sismógrafo em operação. Porém, as oscilações do chão em Cuiabá provocaram um registro no barógrafo do Observatório de Meteorologia Dom Bosco, situado na cidade. Quanta ironia, o maior sismo brasileiro dos tempos modernos não foi registrado por um sismógrafo do país, e sim por um barógrafo! Mas quase uma centena de estações sismográficas espalhadas pelo mundo registraram o tremor mato-grossense, por isso, foi possível conhecer sua magnitude, epicentro e, mais tarde, o tipo de falha que o produziu.
Eram quase 23 horas, quando as vibrações do tremor atingiram o litoral do Espírito Santo e Vitória. “Esta capital e alguns municípios espírito-santenses viveram ontem à noite, minutos de angústia e de pânico. É que um tremor de terra, que durou cerca de 30 segundos, abalou Vitória, jogando nas ruas a população alarmada e surpreendida com o fenômeno”, (O Globo, 1/3/1955). ![]() Clique para ampliar Objetos caíram de móveis, vidraças se partiram e algumas casas foram destelhadas, mas ninguém se feriu seriamente. Nem o Observatório Nacional, ou alguma estação barométrica registrou esse tremor, somente estações sismográficas internacionais. Apareceram duas explicações para a sua origem. A fantasiosa o relacionava com uma explosão nuclear, a simplista, como resultado de uma acomodação de terra.
Nesse espaço de tempo nasceram outras entidades especialmente ligadas às universidades e que, há décadas, são responsáveis pela operação de estações sismográficas semipermanentes distribuídas pelo país. Conta-se com grupos capacitados a viajar para áreas afetadas por sismos, registrá-los e, muitas vezes, descobrir a feição geológica a eles associada. Desde 2009 vem sendo implantada uma rede de estações sismográficas de última geração (RSBR, Rede Sismográfica Brasileira), que dará ao Brasil posição de destaque mundial em termos de monitoramento sísmico. Paralelamente, estão sendo aperfeiçoados programas de análise de dados sísmicos que, automaticamente, determinam o local de ocorrência do tremor e o seu tamanho. Em 20/02/2014, o IAG/USP conseguiu localizar um terremoto no Atlântico Sul, mais rapidamente do que o Serviço Geológico dos Estados Unidos, a entidade mais respeitada, internacionalmente, neste tipo de trabalho. Portanto, com esta infraestrutura instrumental e pessoal qualificado no comando, é impossível deixar de registrar um terremoto importante com epicentro em nosso território, - a situação de 1955, jamais se repetirá. Na realidade, em 26/01/2015, a RSBR detectou automaticamente um pequeno tremor de magnitude 3,9 em Porto dos Gaúchos, MT, na mesma região epicentral do terremoto de 1955!
Mas detalhes desta janela de tempo são desconhecidos e o tremor poderia acontecer amanhã, ou dentre décadas. Continuar registrando e estudando nossos abalos sísmicos é a maneira correta de ganhar conhecimento sismológico para servir, especialmente ao Brasil. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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