Quinta-feira, 18 abr 2013 - 08h10
Naves, Anunakis e Nibiru. A fértil imaginação nas imagens do Sol
O satélite solar SOHO é um dos mais importantes telescópios espaciais e o principal responsável pelos estudos mais modernos do Sol. No entanto, é também o que de longe provoca mais a imaginação do público leigo, que vê em suas imagens desde cometas inexistentes até naves espaciais secretas.
![]() É praticamente impossível passar um único dia sem recebermos algum email questionando sobre os "estranhos" pontos e traços que aparecem nas imagens do telescópio solar SOHO. Daria até pra escrever um livro sobre o assunto, quem sabe até uma tese de doutorado tentando explicar o fascínio que essas imagens provocam na imaginação popular. Não sabemos ao certo como funciona o mecanismo que leva os observadores a acreditar que as partículas cósmicas ou os micro meteoroides que cruzam ou se chocam contra o telescópio são na verdade naves espaciais ou seres extraterrestres. E não adianta responder aos emails explicando sobre a natureza desses objetos. O interessado não acredita. Nunca.
Acreditamos que o maior problema para a compreensão das imagens seja a de o observador não entender que o telescópio SOHO não registra cenas no comprimento de onda visível, mas em seguimentos muito mais energéticos, principalmente o ultravioleta extremo e raios-x e que o Universo está repleto de partículas carregadas com alto nível de energia.
![]() Por uma dessas coincidências da natureza, eventualmente o telescópio recebe um verdadeiro bombardeio cósmico e diversas partículas atingem áreas adjacentes do sensor ao mesmo tempo. Isso cria uma espécie de borrão formado pelos inúmeros pontos, mas que na visão dos observadores leigos se transforma em naves espaciais ou no hipotético planeta Nibiru.
Tentar explicar que esses traços são provavelmente causados por micro meteoroides é pura perda de tempo, mas vamos tentar. O espaço é um lugar muito perigoso e centenas de micro pedrinhas (os micro meteoroides) cruzam aleatoriamente todos os lugares a todo o momento. Estima-se que a Estação Espacial Internacional, a ISS, recebe o impacto diário de cerca de 200 micro meteoroides por dia, a maior parte deles com cerca de 1 centésimo do tamanho de um grão de areia. Se a ISS tivesse uma câmera fixa similar a do SOHO apontada para o espaço, produziria traços muito semelhantes. No caso do SOHO, os micro meteoroides vistos cruzando a imagem não estão a milhares de km de distância do CCD. Quando passam bem perto, o suficiente para refletirem a luz do Sol, são interpretados pelo CCD como um traço brilhante e fino, que pode vir de qualquer direção do espaço. Diferente das partículas carregadas, que com raríssimas exceções nunca aparecem em dois fotogramas sucessivos, os micro meteoroides podem aparecer em dois frames com intervalos máximos de 10 minutos, dependendo da distância ao telescópio e do ângulo da luz incidente. Mesmo assim, também são casos raros.
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