Sexta-feira, 7 jan 2011 - 11h29
Utilizando modernas técnicas de sismologia aplicadas a antigos dados coletados pelas missões Apollo entre 1969 e 1972, pesquisadores estadunidenses confirmaram que a Lua tem núcleos similares aos terrestres. De acordo com os cientistas, Isso explicaria os sinais de magnetismo encontrados nas rochas trazidas pelos astronautas, além de confirmar que esse campo magnético também seria gerado através do efeito dínamo, da mesma maneira que ocorre na Terra.
De acordo com Renee Weber, ligada ao Centro Marshall de voos espaciais, da Nasa, as descobertas sugerem que a Lua possui um núcleo interno sólido rico em ferro, com cerca de 250 km de raio e um núcleo externo, composto principalmente de ferro líquido com 500 km de raio. O estudo indica que os núcleos também contem uma pequena porcentagem de elementos leves, como enxofre, concordando com as últimas pesquisas sobre o núcleo terrestre e que sugerem a presença de elementos leves na camada ao redor do núcleo interno. Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram os dados coletados pelos instrumentos deixados na Lua durante as missões Apollo. Entre 1969 e 1972 os astronautas instalaram na superfície lunar quatro sismômetros que registram contínua atividade sísmica até 1977.
Apesar das sofisticadas missões de imageamento lunar terem feito significantes contribuições para o estudo da topografia, o interior do satélite natural da terra permaneceu sujeito a diversas especulações desde a Era Apollo. Os pesquisadores já haviam deduzido sobre a existência de um núcleo lunar com base em estimativas indiretas das propriedades do interior do satélite, mas muitos cientistas discordavam sobre a existência de camadas, o raio e sua composição. A principal limitação do estudo sísmico lunar era o forte ruído causado pela sobreposição de sinais saltando repetidamente entre as estruturas da crosta fracionada da lua. Para vencer este desafio Weber empregou uma nova técnica chamada empilhamento de sismograma, uma espécie de particionamento digital dos sinais. O método melhorou a relação sinal-ruído e permitiu que os cientistas tivessem uma visão mais clara do caminho e do comportamento de cada sinal original que trafegou pelo interior lunar. "Esperamos continuar trabalhando com os dados da missão Apollo para refinar nossas estimativas das propriedades do núcleo e deixar os sinais sísmicos o mais claro possível. Isso nos ajudará ainda mais a interpretar os dados coletados em futuras missões", disse a cientista.
O trabalho de Webber foi publicado essa semana pela revista Science e teve como coautores cientistas ligados às Universidade do Arizona, Universidade da Califórnia e do Instituto de Física do Globo, de Paris.
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