Segunda-feira, 19 out 2015 - 07h53
Por Rogério Leite
O Brasil está prestes a dar um importante salto tecnológico e realizar o que poucos países já fizeram em termos de tecnologia espacial. Se tudo der certo, o país pousará uma pequena sonda em um raro mundo distante, dando início à primeira exploração espacial brasileira.
Clique para ampliar Batizada de Missão ASTER, o projeto é uma parceria entre diversas universidades e instituições brasileiras e tem como objetivo principal o desenvolvimento e a qualificação do país em tecnologias de ponta, além de fornecer uma grande oportunidade de pesquisa em diversos setores do conhecimento, especialmente a geologia planetária. O alvo da missão ASTER é o triplo asteroide 2001 SN263, descoberto pelo projeto LINEAR em 2001. Na ocasião da descoberta, pesquisadores estadunidenses acreditavam se tratar de um objeto único, mas através de imagens de radar feitas em 2008 através do radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, constatou-se que era um sistema triplo, com duas rochas orbitando o asteroide principal.
Programada inicialmente para ser lançada em 2015, a missão ASTER teve seu início adiado e a nova data foi marcada para outubro de 2017, com previsão de chegada ao asteroide em fevereiro de 2019, quando o objeto estiver a 150 milhões de quilômetros da Terra. O projeto da estrutura principal da nave não é de concepção brasileira, mas uma adaptação de uma sonda espacial desenvolvida pelo IKI, Instituto de Pesquisas Espaciais, da Rússia. Clique para ampliar
A bordo da sonda seguirão viagem uma vasta gama de instrumentos, entre eles um espectrômetro infravermelho, que será usado na mineralogia do asteroide e um espectrômetro de massa, que possibilitará determinar os componentes químicos encontrados na rocha. A ASTER também carregará em seu interior um experimento de astrobiologia, que verificará a resistência de micro-organismos no ambiente do asteroide e um experimento de plasma, para detectar e analisar esse estado da matéria nas imediações de 2001 SN263. Além dos instrumentos e experimentos mencionados, a ASTER também levará uma câmera imageadora de alta resolução, que fará fotografias antes, durante e depois do pouso. A alimentação dos circuitos e computadores de bordo ficará a cargo de um conjunto de painéis solares de arseneto de Gálio, com capacidade de 2100 Watts.
A massa estimada da sonda ASTER é de 150 kg, dos quais 66 kg correspondem ao peso do combustível.
Em 2000, os EUA enviaram a nave Near-Shoemaker para explorar o asteroide Eros. Em 2003 foi a vez do Japão enviar a sonda Hayabusa até o asteroide Itokawa, onde realizou imagens e dados geológicos. Em 2012 a Nasa lançou a sonda Dawn com destino ao asteroide VESTA. Se os planos brasileiros não forem adiados, será a primeira vez que um asteroide triplo receberá a visita de uma nave terrestre.
Os testes do Veículo Lançador de Satélites, VLS, estão bem atrasados e ao que tudo indica não poderá ser usado para colocar em órbita a sonda. Se essa opção não for possível, o Brasil deverá usar a estrutura e os foguetes lançadores russos.
A missão está sendo coordenada pelos pesquisadores Elbert Macau e Haroldo de Campos Velho, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Othon Winter, ligado à Universidade Estadual Paulista e Alexander Sukhanov, cientista ligado ao INPE e Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia.
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