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Segunda-feira, 4 dez 2017 - 11h04
Por Rogério Leite

Poderemos ter terremotos devastadores em 2018? O que diz a ciência?

Recentemente, um trabalho científico mostrou que a variação periódica na rotação da Terra pode estar associada a grandes eventos sísmicos. E se isso estiver certo, em 2018 poderemos ter um verdadeiro enxame de terremotos avassaladores. Será que isso é verdade?

Terremoto em Pescara, Italia, em agosto de 2016
Terremoto em Pescara, Itália, em agosto de 2016

O paper foi publicado pela geofísica Rebecca Bendick e seu colega Roger Bilham, ligados às universidades de Montana e do Colorado, nos EUA, que encontraram alguma correlação entre certos terremotos e periódicas flutuações na velocidade de rotação da Terra. Segundos os pesquisadores, examinar terremotos históricos junto a essas flutuações poderia fornecer uma previsão de longo prazo de quando os violentos tremores poderiam acontecer.

O artigo teve grande repercussão no meio científico, já que a previsão de terremotos é algo que todos os pesquisadores que estudam o assunto dedicam a maior parte do tempo. Diríamos que é o objetivo máximo desses pesquisadores.

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A repercussão do trabalho também atingiu o público leigo, que logo passou a ler notícias de que em 2018 teríamos muitos terremotos destruidores. Isso fez a autora do paper, Rebecca Bendick, publicar um texto explicando que o estudo era apenas uma possibilidade a ser investigada e não uma conclusão definitiva sobre previsão de terremotos.


Previsão Terremotos - O que a ciência diz
Por diversas vezes, Apolo11 e Painel Global reiteraram que a previsão individual de terremotos não é possível. Até o presente momento, não existe qualquer meio científico, sejam fórmulas, equações ou instrumentos sofisticados que sejam capazes de fazer isso.

Os terremotos ocorrem quando a energia potencial armazenada ao longo de rachaduras na crosta do planeta é liberada abruptamente, propagando ondas mecânicas de grande amplitude através da Terra. Do ponto de vista científico, isso ocorre de modo bastante aleatório, sem algum padrão que possa ser seguido.

Embora os locais dessas fissuras sejam bem conhecidos, o que permite que os cientistas trabalhem modelos de previsões genéricos para uma área, as forças e dinâmicas que contribuem para este acúmulo de energia são globais e extremamente complexas, o que não permite resolver exatamente como o evento pode se desenrolar.

Terremotos versus rotacao da Terra
Teoria de como a alteração do movimento de rotação da Terra produziria grupos de terremotos a cada 30 anos.

Tentativas de prever terremotos
Historicamente, o campo de previsão de terremotos tem algumas reivindicações bastante estranhas. Algumas pessoas já tentaram prever os tremores com base no comportamento dos animais, nas emissões de gases das rochas, em especial o radônio, ou a partir de sinais elétricos de baixa frequência que atravessam a Terra. Outras tentam prevê-los com base em alinhamentos planetários, erupções solares e até mesmo correlaciona-los às fases das Lua. Alguns ainda tentam prever terremotos fazendo complexas triangulações de eventos, na tentativa de acertar onde será o próximo sismo. Tudo em vão.

A verdade é que até hoje nenhuma dessas tentativas previu um único terremoto sequer, mesmo que o interessado tenha boa vontade em encontrar padrões que possam levar a algum resultado positivo. As estatísticas mostram que se uma criança for convidada a apontar o dedo sobre um mapa, ela terá mais chances de acertar o local de um próximo evento que qualquer estudo feito até hoje com base em raciocínio lógico.


Rotação da Terra Versus Terremotos: trabalhos de Rebecca Bendick e Roger Bilham
Assim que Bendick e Bilham publicaram o paper que associava terremotos às variações na velocidade de rotação da Terra, centenas de pesquisadores se debruçaram sobre o estudo, na tentativa de validar um possível novo caminho de investigação.

O trabalho apontou que a cada 30 anos, aproximadamente, ocorre uma flutuação cíclica bastante sutil na velocidade de rotação da Terra. O motivo dessa variação, que desacelera o movimento de rotação, segundo os pesquisadores, ainda não foi devidamente compreendido. Entretanto, o estudo mostrou que cinco anos após essa desaceleração ocorre um conjunto de terremotos bastante severo, mas de curto período.

"Basicamente, você pode pensar em terremotos como algo como uma bateria, que após certa quantidade de energia consumida, precisa ser recarregada", disse Bendick. É o que chamaria de "período de renovação".

Após analisarem quase dois séculos de terremotos, a dupla de cientistas entendeu que tremores com uma magnitude de 7.0 ou mais, com intervalo de renovação entre 20 e 70 anos, pareciam se agrupar no registro histórico. Segundo eles, a cada três décadas o planeta parece ter uma grande quantidade deles, até 20 por ano, em vez dos típicos 8 a 10. Era como se algo estivesse fazendo com que os terremotos se sincronizassem, mesmo que estivessem acontecendo em pontos espalhados por todo o mundo.

"Nosso estudo demonstrou que o sincronismo desses terremotos históricos acontece a cada 30 ou 32 anos", disse Bendick.

Teremos mais terremotos em 2018?
Com base no estudo, diversas mídias, em especial as de internet, passaram a afirmar que o próximo sincronismo acontecerá em 2018. No entanto, a própria pesquisadora não afirma isso. Segundo ela, o estudo pode realmente apontar um novo caminho de investigação, mas não é certo que em 2018 teremos um novo cluster.

"Há buracos que ainda precisam ser analisados, pois em algumas ocasiões não se verificou a periodicidade com precisão. Ou seja, ainda estamos no começo do estudo. Se fosse assim, as pessoas, leigas ou não, já teriam encontrado o padrão há muito tempo. Isso seria muito óbvio nos registros", disse a cientistas.


Sem Comprovação
Vários cientistas disseram que ainda não estão convencidos pela pesquisa de Bendick e Bilham. Para muitos geofísicos, correlação de eventos não significa a causa deles. Grupos de sismos e flutuações podem acontecer na mesma escala de tempo, mas isso não significa que estejam lincados.

Para o pesquisador Ken Hudnut, que trabalha em programas de risco sísmico no US Geological Survey (USGS), o trabalho é bastante interessante, mas é importante alertar que nada ainda foi demonstrado em laboratório ou confirmado por estudos de acompanhamento e isso precisa ser feito antes de qualquer conclusão.

A autora do estudo, Bendick, concorda com as palavras de Hudnut. "É assim que essas coisas devem ser feitas. Não basta afirmarmos alguma coisa, principalmente quando isso é marginalmente estranho. Precisamos que todos verifiquem os dados do nosso trabalho, pois é assim que a ciência progride", disse ela.

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