Segunda-feira, 3 jul 2017 - 10h53
Por Rogério Leite
Um estudo novo publicado na revista Nature afirma que uma substância química não proibida está atrasando a recuperação da camada de ozônio. Para os pesquisadores, se nada for feito a recuperação total só vai acontecer no final do século.
Evolução do buraco na camada de ozônio ao longo tempo. O primeiro globo, no topo à esquerda, mostra a situação da capa em setembro de 1981. A camada aparece delgada, apresentando os primeiros sinais do buraco. Nos globos seguintes vemos as capas muito maiores, próximos a 100 unidades Dobson. A diminuição da camada de ozônio é causada pela presença de elementos que destroem o ozônio, como a clorina e o brometo de metilo, e principalmente pelos gases originados de produtos criados pelo homem, como os clorofluorcarbonos ou CFCs. Conhecido como gás freon, o CFC é usado em grande escala na produção de aerossóis, refrigeradores e produtos de limpeza. Apesar de ainda estar presente na atmosfera, sua concentração vem diminuindo graças ao Protocolo de Montreal, assinado em setembro de 1987. Nele, os países signatários se comprometeram a substituir as substâncias que reconhecidamente causam danos à camada. Desde então, o chamado "buraco" na camada de ozônio foi retornando aos níveis estimados próximos ao período de antes da revolução industrial. De acordo com os cientistas, o período de recuperação total ocorreria em 2065.
Embora o Protocolo de Montreal tenha sugerido o banimento dos CFCs, o diclorometano, conhecido também como cloreto de metileno, não foi incluído, pois se decompõe mais rapidamente, após cerca de cinco meses na atmosfera. O problema é que o diclorometano libera cloro, que segundo o artigo da Nature, pode danificar a camada de ozônio caso chegue até ela. Segundo o estudo, os níveis de concentração de cloreto de metileno aumentaram 8% por ano entre 2004 e 2014 e se esta tendência permanecer, a recuperação da camada de ozônio deverá levar muito mais tempo para ser finalizada, podendo entrar no século 22 sem ter sido completada. O estudo afirma o crescimento das emissões de cloreto de metileno está vinculado à sua importância cada vez maior na fabricação de hidrofluorocarbonetos, compostos químicos utilizados justamente para substituir os gases que estavam comprometendo a camada de ozônio. Segundo Ryan Hossaini, principal autor do estudo, ligado à Universidade de Lancaster, no Reino Unido, não está claro quais regiões do mundo contribuem mais para o problema, mas uma das zonas que causa preocupação é a Ásia, onde o diclorometano é usado em larga escala nos sistemas de refrigeração. Uma amostra de ar retirada da estratosfera inferior revelou níveis preocupantes de cloreto de metileno sobre a Índia e Sudeste Asiático.
Em meados de novembro e dezembro, em função do aumento gradual da temperatura, o ar circundante à região onde se encontra o buraco inicia um movimento em direção ao centro. Esse ar trás consigo o ozônio para a alta atmosfera na região do buraco, que tem seus níveis de gás normalizados até a chegada da próxima primavera.
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