Quarta-feira, 16 nov 2005 - 06h18
A perda anual de florestas em todo o planeta chega a 7,3 milhões de hectares, superfície equivalente a um país como o Panamá, e é justamente na América Latina onde ocorre a maior parte do desmatamento, sobretudo no Brasil.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) publicou nesta segunda-feira os dados em um relatório A Avaliação dos Recursos Florestais Mundiais 2005, uma pesquisa feita nos últimos cinco anos. A superfície florestal do planeta se reduz anualmente 13 milhões de hectares, mas a perda líquida é atenuada para 7,3 milhões graças ao reflorestamento e à expansão natural das florestas existentes.
Também na Europa, as florestas continuaram sua expansão, ao ganhar 661 mil hectares anuais entre 2000 e 2005, mas o aumento foi mais lento que entre 1990 e 2000, quando cresceram a um ritmo de 877 mil hectares. Os resultados variam de país para país, e enquanto na Espanha a superfície florestal ganhou 296 mil hectares anuais no último qüinqüênio, no Reino Unido aumentou só 10 mil e na Federação Russa, em contrapartida, foi registrada uma perda de 96 mil hectares. O desmatamento anual na América Latina totaliza 4,7 milhões de hectares, mas a FAO adverte que muitos dos países maiores forneceram números de perdas sem levar em conta que muitas áreas devastadas se regeneraram. O Brasil, que, após a Rússia, é o país com a maior área florestal do mundo e possui 52% das florestas da América Latina, é o que sofre a maior perda líquida anual, com o desaparecimento de 3,1 milhões de hectares. O relatório ressalta que "a América do Sul sofreu a maior perda líquida de florestas entre 2000-2005, com 4,3 milhões de hectares, seguida pela África, com 4 milhões de hectares anuais". Dez países concentram dois terços desse patrimônio: Brasil, Austrália, Canadá, China, República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Peru, Federação Russa e Estados Unidos. Do número total de 4 bilhões de hectares, 36% são florestas primárias, ou seja, superfícies florestais sem sinais visíveis de presença humana passada ou presente. Mas a FAO adverte que essas florestas primárias "estão sendo destruídas ou modificadas a um ritmo de 6 milhões de hectares anuais, devido ao desmatamento ou à poda seletiva". A FAO lembra que as florestas têm múltiplas funções, incluindo a conservação da biodiversidade, do solo e dos recursos hídricos, a provisão de madeira e de outros produtos, como o papel, além de servir de áreas de expansão ou sumidouro de carbono. O relatório assinala que "a quantidade de carbono armazenado na biomassa florestal é de 283 gigatoneladas de carbono, embora tenha caído em nível mundial em 1,1 gigatonelada anual entre 1990 e 2005".
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