Sexta-feira, 15 set 2006 - 06h39
Se você pensou que as discussões sobre os planetas ficariam somente com o rebaixamento de Plutão, enganou-se.
Na quinta-feira, 15, a União Astronômica Internacional, IAU, decidiu que o objeto 2003 UB313, conhecido informalmente como Xena,passará a ser chamado oficialmente de Eris, o nome da deusa grega da discórdia e do conflito.
Seu satélite natural, conhecido até agora por Grabrielle, passará a ser chamado de Dismonia, um demônio que representava a anarquia e o caos, e que na mitologia grega era filho de Eris.
Segunda a nota divulgada pela IAU, foi quase unânime a aprovação dos nomes, dado pelo Grupo de Trabalho em Nomenclatura do Sistema Solar e pelo Comitê de Nomenclatura de Corpos Pequenos. Com o batismo, Eris passa a ser o segundo planeta-anão, uma nova categoria de objetos celestes, criada especialmente para abrigar Plutão, também rebaixado a planeta-anão. A decisão de rebaixar Plutão gerou revolta entrediversos grupos de cientistas, devido às estranhas regras adotadas. A exemplo de Xena, o nome Eris e de sua lua Dismonia, também foram proposto pelo cientistas Michael Brown, seu principal descobridor. Eris foi descoberto em 2003, mas oficialmente confirmado em 2005. A recente decisão da União Astronômica Internacional, IAU, de retirar de Plutão o status de planeta, causou grande descontentamento entre diversos cientistas. Na Nasa, o cientista Alan Stern, chefe da missão New Horizons, com destino a Plutão, criticou duramente a decisão, qualificando-a de "constrangedora". De acordo com Stern, "foi uma decisão horrenda, ciência mal feita, e jamais vai passar pela avaliação da categoria séria de astrônomos por duas razões". "Em primeiro lugar, é impossível e artificial colocar uma linha divisória entre o que seria planetas e planetas-anões. É como se declarássemos que as pessoas não são pessoas por uma razão arbitrária, como ´elas vivem em grupos´". "Em segundo lugar, a definição em si é pior ainda pior, simplesmente por ser inconsistente." Um dos três critérios definidos pela IAU, para que um objeto tenha o status de planeta é que este precisa ter "limpado as áreas vizinhas em sua órbita", ou seja, ter atraído ou expulsado de seu campo gravitacional qualquer objeto nas vizinhanças. O problema, segundo Stern, é que os maiores objetos no Sistema Solar agregam a matéria em seu caminho ou acabam por expeli-la. Plutão não passou na classificação porque sua órbita, altamente elíptica, se sobrepõe à de Netuno - ou seja, nem agregou nem expeliu o outro planeta. O cientista também destacou que a Terra, Marte, Júpiter e Netuno também não "limparam" totalmente as suas zonas orbitais. "A Terra órbita o Sol juntamente com 10 mil asteróides próximos. Júpiter, é acompanhado de 100 mil asteróides troianos". Troianos são os asteróides que seguem na mesma órbita que um determinado planeta. Em essência, estes asteróides são rochas e fragmentos que restaram depois da formação do Sistema Solar, há mais de 4 bilhões de anos. "Se Netuno tivesse ´limpado´ a sua zona, Plutão não estaria lá", acrescentou. Foto: Concepção artísitica mostra o sol, visto a partir de Eris. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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